CONJUNTURA

“Mercado” golpista e terrorista! – Por Chico Alencar

O “sr. Mercado Faria Lima” quer ainda mais arrocho sobre os milhões de pobres. Despreza como “gasto excessivo” políticas sociais efetivas

Avenida Faria Lima, em São Paulo.Carros passando pela famosa rua da capital paulistaCréditos: Rovena Rosa/Agência Brasil
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O tal “mercado”, esse ente poderoso e especulativo, filho dileto do capitalismo financeirizado - que subordina praticamente toda a mídia grande, sua fiel porta-voz -, “fala” também através da cotação do dólar.

Como considerou que o “corte de gastos” anunciado por Haddad foi “insuficiente”, resolveu chantagear: a moeda norte-americana, que influencia juros e inflação nacional, chegou a R$ 6. O BC de Roberto Campos, que pode e deve interferir, até aqui jogou parado...

Esse abuso com o dólar é uma aberração frente a uma economia razoavelmente aquecida, com desemprego em queda, contas externas equilibradas e recursos para investimento chegando. É o “dólar furado” do ultraneoliberalismo ganancioso, indutor de mais inflação.

Como quase todas as medidas - boas e ruins - anunciadas por Haddad terão que passar pelo Congresso, o “mercado” (isto é, a elite econômica do grande capital, que agora também atende pelo sobrenome de Faria Lima) já anuncia seu lado: não quer taxar super-ricos, quer desconstitucionalizar recursos obrigatórios para educação e saúde, quer manter ilimitadas as desonerações tributárias das quais sempre se beneficiou - sem contrapartidas.

O “sr. Mercado Faria Lima” quer ainda mais arrocho sobre os milhões de pobres. Despreza como “gasto excessivo” políticas sociais efetivas. Não ficou satisfeito com os limites ao reajuste do parco salário mínimo (42% dos brasileiros recebem no máximo dois) e ao acesso ao Benefício de Prestação Continuada (6,2 milhões de vulneráveis) que o governo anunciou, contrariando o programa que elegeu Lula. Só enxerga “perda de arrecadação” com a correta isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil.

No que nos couber, vamos apoiar o que contribua para reduzir a abissal desigualdade social e tributária no Brasil. E contestar tudo que vá, como costuma acontecer, para a conta de quem já não tem como pagar.

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum.