OPINIÃO

Uma dor assim pungente... – Por Chico Alencar

É preciso que as investigações sobre a execução de Marielle e Anderson prossigam e se aprofundem. Não dá para dizer que o "caso está resolvido" e a "apuração encerrada"

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É preciso que as investigações sobre a execução de Marielle e Anderson prossigam e se aprofundem. Não dá para dizer que o "caso está resolvido" e a "apuração encerrada".

Chegamos a um novo patamar das investigações, graças à PF e ao Supremo. Mas ainda têm muitos cúmplices da "milicianização" da política a serem descobertos!

Há um mar poluído de cumplicidades que captura o Estado no Rio de Janeiro: é a "milicianização" da política. É a gangsterização da atividade pública. No Executivo, no Legislativo, nos órgãos de controle, como o TCE/RJ. Uma metástase!

Cada um que se aproximou do banditismo e das milícias, por interesse eleitoral, coonestou o crime.

O governador Castro e o prefeito Paes, por exemplo, em geral tão eloquentes, não fizeram comentário pessoal algum sobre o caso em suas redes sociais. Seus governos fizeram o mínimo – emitiram notas oficiais, condenando o crime.

Ambos, no entanto, em momentos diferentes, aparecem em vídeos enaltecendo a família Brazão em eventos em Jacarepaguá, base eleitoral dos irmãos milicianos.

Chiquinho Brazão chegou a ser nomeado pelo prefeito para uma secretaria municipal. Na ocasião, segundo o jornal Folha de S. Paulo (25/03), Eduardo Paes teria demonstrado “proximidade” com o deputado durante a cerimônia em que foi empossado como secretário. Para o prefeito, Chiquinho é “doce, querido, mas muito sério, direto e objetivo”.

Já o governador Cláudio Castro, quando em campanha para o governo do Estado, em 2022, dividiu o palanque com, segundo suas palavras, “a querida família Brazão, representantes legítimos de Jacarepaguá”. 

Agora, preferem o silêncio. Não se ouviu sequer uma autocrítica por encherem tanto a bola da família Brazão.

Ainda há muito a esclarecer: por que Braga Netto indicou o delegado Rivaldo Barbosa para a chefia da Polícia Civil, 6 dias antes do atentado?

Quem orientou Ronnie Lessa a levantar dados de determinados parlamentares do PSOL e lideranças de movimentos sociais, e com quais objetivos?

Além de interesses na posse do solo urbano e em empreendimentos imobiliários ilegais (quem foram os sócios nesses negócios?), quais as outras motivações político-ideológicas - de racismo, misoginia, machismo e outros preconceitos - para tamanha barbárie?

Os acusados têm que ser afastados imediatamente da vida pública, inclusive com a suspensão de suas polpudas remunerações.

Foram 2.202 dias de sofrimento, de indignação, de saudade sem solução.

Mas "uma dor assim pungente"... NÃO HÁ DE SER INUTILMENTE!

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.

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