CINEMA

Fernanda Torres consagrada no Globo de Ouro com “Ainda Estou Aqui” – Por Filippo Pitanga

Tudo ocorre 25 anos depois de Fernanda Montenegro, sua mãe, receber o troféu de melhor filme internacional por “Central do Brasil”, também dirigido por Walter Salles

Créditos: Reprodução de vídeo/Youtube Golden Globes
Escrito en OPINIÃO el

Com quatro vitórias cada, a série “Xógum: A gloriosa saga do Japão” e o longa-metragem “Emilia Pérez” podem ter saído com o maior número de globos de ouro, inclusive a láurea de melhor filme em língua não inglesa para o segundo, que derrotou “Ainda Estou Aqui”... Mas nenhuma vitória foi tão significativa para os brasileiros quanto a atriz brasileira Fernanda Torres ganhar numa das mais prestigiadas categorias da noite, ao lado de algumas das indicadas mais renomadas de toda Hollywood, como Nicole Kidman, Angelina Jolie, Tilda Swinton e Kate Winslet (além do retorno de Pamela Anderson numa produção independente) – especialmente por ter se tratado do único papel em língua não inglesa e numa produção que se dá abaixo da linha do Equador, tão engajado quanto inspirador contra qualquer tipo de opressão histórica. Assim, Torres se torna a primeira artista brasileira a ganhar como melhor atriz em performance dramática no Globo de Ouro. *Confira lista completa de vencedores no final do presente texto.

Outros laureados da noite podem sugerir indicativos para o Oscar 2025, apesar de ser bastante importante lembrar que o Globo de Ouro não é um termômetro muito confiável para prever o pensamento da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, já que se trata de votantes completamente diferentes: esta é eleita pelos sindicatos de Hollywood em cada segmento (sindicato de produtores, de diretores, de artistas etc); enquanto aquela é votada pela imprensa estrangeira – ou seja, não advém do mesmo parâmetro, apesar de ambas instituições  estarem sujeitas ao mesmo sistema de lobby da maior indústria do mundo... Ainda assim, a premiação de Torres faz sim ela aparecer no mapa para os Estados Unidos, já que para um filme brasileiro poder aparecer em categorias afora de melhor filme internacional é necessária muita visibilidade.

Outros premiados confirmaram igualmente seus favoritismos, como “O Brutalista”, grande vencedor nas categorias de drama, com o reconhecimento como melhor filme dramático, direção e melhor ator para Adrien Brody; bem como Kieran Culkin, estrela de “Succession”, como ator coadjuvante pelo filme “A Verdadeira Dor” e “Emilia Pérez” que levou melhor filme de comédia ou musical, filme internacional, melhor atriz coadjuvante para Zoë Saldaña e melhor canção (“El Mal”) – se quiserem ler mais sobre a obra, sem spoiler, confiram a cobertura de sua exibição exclusiva no Festival do Rio pela Fórum clicando aqui. Além disso, a vitória da atriz em comédia ou musical para Demi Moore por “A Substância” (leia sobre o filmaço aqui) praticamente garante que ela será indicada ao Oscar ao lado das já favoritas Nicole Kidman por “Babygirl” e Angelina Jolie por “Maria”, fazendo com que as outras duas indicadas possam ser Karla Sofía Gascón pela personagem-título “Emilia Pérez”, que a tornaria a primeira atriz trans a ser indicada como melhor atriz, bem como uma disputa acirrada entre a própria Fernanda Torres, Tilda Swinton por “O quarto ao lado” e Cynthia Erivo por “Wicked”. Vale lembrar que a Academia não separa a categoria entre drama e comédia ou musical, sendo apenas 5 indicadas ao todo.

Precisamos nos debruçar, agora, um pouco mais sobre o fenômeno de “Ainda Estou Aqui”, um dos maiores sucessos de bilheteria e reconhecimento de público e crítica da história do cinema brasileiro. O presente texto talvez pareça chegar meio "atrasado", mas, na verdade, estava lá desde o princípio. Após assistir o longa umas 4x, mais do que nunca, é urgente escrevermos sobre ele, mesmo que possamos ler colegas do meio, reverenciados e até queridos, dizerem que já se havia escrito todo o possível acerca do tema. PORÉM... É bom reiterar quantas vezes seja preciso: as nuances e o prazer da teoria crítica residem justamente em sua inesgotabilidade, à despeito de sê-lo ou não um filme perfeito. Sem falar em toda a analogia política entre a ditadura militar e o momento atual de ataques à democracia que passamos, ressignificando ainda mais o contexto geral. Então, se estamos entrando no debate, vamos tentar extrair linguagem para além do conteúdo, linguagem a favor do conteúdo, a partir dos detalhes.

A primeira cena do filme é acertadamente um fluxo de consciência da memória. Estamos imersos, literalmente, nas águas do tempo, do mar metafísico (de outrora e do agora), com o acontecimento invadindo os sentidos -- estes sim o dispositivo estrutural do filme.

Os sentidos são primeiramente apresentados ao espectador para depois, aos poucos, serem retirados, um a um, como analogia de um horizonte ditatorial que eclipsaria tudo, até uma família com certos privilégios. -- Afinal, este é outro ponto polêmico dos debates atuais, de que a obra só apresentaria um viés da elite, quando, ao invés disso, exemplifica que uma boa história pode vir de qualquer origem, e representar a todo mundo pela identificação mais universal: a família.

Nadando no mar, que fica de frente para sua nobre morada na orla, com ouvidos submersos, Eunice não consegue fugir do barulho do helicóptero sobrevoando sua cabeça no desenho de som de Alan Zilli, Stéphane Thiébaut e cia. De início, um ruído surdo, mas que vai aumentando, também, no lugar de escuta para o espectador. Depois, somos apresentados ao paladar, com as refeições à mesa, sempre repleta de convidados. A excelente trilha sonora traz o tato e o toque, carinhoso, compartilhado. Enfim, são as fotos, os filmes caseiros e a TV que vão trazendo o olhar familiar sendo invadido pelas notícias sobre militares e a resistência à opressão.

O caminho inverso começa, de fato, quando a luz solar alaranjada, predominante na fotografia de Adrian Tejido, até agora, é obstruída e sombreada pelas cortinas fechadas nas mãos dos agentes do governo golpista, que levam o patriarca Rubens Paiva para nunca mais voltar... Este pequeno simbolismo se agiganta, seja na cenografia mais azul e acinzentada; seja na força cênica pura, emprestada do teatro, que transforma a casa em palco e possibilita a seus atores reações viscerais com a mera privação de luz; ou seja na forma como todo som emitido, a partir daí, será amplificado pelo vazio sepulcral no qual são mergulhados. Para além de toda a reconstituição de época e elenco magistral, este foi o primeiro momento em que o filme sinaliza que deixarás sua marca, e que dispensa subterfúgios ou efeitos grandiosos para obter imersão genuína pela própria base do que se queira dizer arte em qualquer lugar do mundo.

Evidentemente, as coisas sucedem a galope: do cárcere privado na residência dos Paiva, tendo que dividir a intimidade, a comida, o sono (ou a falta dele) com seus carcereiros armados de vigília constante capitaneados por Luiz Bertazzo, sempre no cômodo ao lado; à condução forçada até o batalhão, onde Eunice e a segunda filha mais velha, então encapuzadas, serão interrogadas e submetidas a uma tortura psicológica, emocional e física, sem sono, sem comida, sem repouso. O barulho de gritos agonizantes e a espionada de relance pelas frestas de portas abertas para torturas ainda piores não deixam de ser igualmente uma grande ameaça, sem falar no isolamento completo. Os sentidos são privados e distorcidos.

Mesmo depois de todo esse foco de ação, o filme consegue se desdobrar uma vez mais, porque, a personagem de Fernanda Torres precisa recuperar os sentidos, sua vida e a da família, tudo em suspenso devido às violências que sofreram desde o apagamento do patriarca. A atriz brilha agora como principal ponto de costura da retomada dos seus, e trabalha um lado demasiadamente humano nem sempre mostrado: o de quem sobrevive e se reconstrói, emocional, física, financeira e profissionalmente. Num país mais cindido e polarizado do que nunca, e de memória fraca, esquecendo os males da ditadura tão recentes e, por vezes, tão relativizados, é uma vitória ver o quanto o filme está tocando todas as bolhas, não importa a ideologia, justamente por causa desse retrato de uma família brasileira acima de tudo.

O foco central não deixa de pertencer à matriarca Eunice Paiva, interpretada de forma tão aclamada por Fernanda Torres, mas inúmeras seqüências são guiadas pelo restante do elenco, com cenas próprias para as filhas e o filho Marcelo, bem como para o patriarca, tanto de soslaio quanto, depois, na instância de sujeito oculto. 

O que poderia ser calcanhar de Aquiles, caso não manejasse o coprotagonismo de todas essas personagens, vai se tornando em diversas estéticas criativas voltadas para a mise-en-scène em si: o prólogo com a fase infantil de Marcelo (Guilherme Silveira) ao adotar um vira-lata, estilo "coming of age" -- lembrando "O ano em que meus pais saíram de férias"; a metáfora fabular do dente de leite de Babiu (Cora Mora), que mais tarde se tornará a nadadora, como a ligação da mãe com a água (Olívia Torres); a camisa do pai vestida por Eliana (Luiza Kosovski), que sempre gostava de ouvir os papos de adultos; o amadurecimento a forcéps de Nalu (Bárbara Luz), mesmo que a mãe tente preservar sua juventude; e a metalinguagem com a sétima arte de Veroca (Valentina Herszage), uma licença poética que serve de alter ego para muitos jovens candidatos a cineastas da época e que foram obrigados a se exilar fora, mas já começavam a filmar com sua super 8 desde cedo -- emprestando às vezes bela plasticidade de película retrô ao longa.

Portanto, da mesma forma que o frame inicial, o último também volta ao olhar em testemunho da história, agora com outros artistas interpretando as personagens mais velhas, como Fernanda Montenegro no papel de Eunice. Eis o instante que reune os sentidos em prol da memória no subconsciente, só que agregando um diferencial: a dialética nos pontos de vista de a quem pertença a perspectiva dramatúrgica, já que o gatilho inicial é a adaptação do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, escrito em homenagem à própria mãe, mas que vai sendo ampliado por toda a família. Tal salto no tempo poderia até não ser essencial à narrativa em sua totalidade, porém, sem esta pitada de melodrama assumido, não teríamos tamanha multidão de público ovacionando em prantos de emoção ao sair da sessão com a catarse final -- que sabemos bem o quanto Montenegro é capaz de gerar para além de quaisquer excessos de tempo de projeção.

E, após 25 anos das indicações de "Central do Brasil" de Salles com Fernanda Montenegro, como só se fala agora da real chance brasileira não só de ser indicado, mas de ganhar nosso primeiro Oscar, em disputa com alguns francos favoritos internacionais, começaram debates sobre nosso merecimento, ou se apenas certo privilégio desta produção nos serviria de garantia... Isso não obstante uma poderosa filmografia nacional multipremiada de inúmeros outros nomes e territórios, e igualmente merecedora, que ainda não havia furado a bolha do lobby de Hollywood. Contudo, devemos ver esta oportunidade como porta de entrada para o nosso reconhecimento ainda maior lá fora, e não uma chance única e isolada -- vide um elenco coadjuvante bastante representativo de inúmeros nomes de nossa ampla filmografia de sucesso: de Maeve Jinkins e Camila Márdila a Marjorie Estiano e Carla Ribas, de Humberto Carrão e Dan Stulbach a Antonio Saboia e Daniel Dantas. Pois, só de estarmos falando disso até agora, já demonstra enorme potencial para muitos mais anos e obras brilhantes no prelo que virão para nos representar à excelência!

Confira a lista de vencedores do Globo de Ouro 2025

Melhor Atriz Coadjuvante

Selena Gomez, Emilia Pérez

Ariana Grande, Wicked

Felicity Jones, O Brutalista

Margaret Qualley, A Substância

Isabella Rossellini, Conclave

Zoe Saldaña, Emilia Pérez – VENCEDORA

Melhor Atriz em Série de Comédia ou Musical

Kristen Bell, Ninguém Quer

Quinta Brunson, Abbott Elementary

Ayo Edebiri, O Urso

Selena Gomez, Only Murders in the Building

Kathryn Hahn, Agatha Desde Sempre

Jean Smart, Hacks – VENCEDORA

Melhor Ator Coadjuvante

Denzel Washington, Gladiador II

Kieran Culkin, A Verdadeira Dor – VENCEDOR

Guy Pearce, O Brutalista

Jeremy Strong, O Aprendiz

Yura Borisov, Anora

Edward Norton, Um Completo Desconhecido

Melhor Ator de Drama em Série de TV

Donald Glover, Sr. e Sra. Smith

Jake Gyllenhaal, Acima de Qualquer Suspeita

Gary Oldman, Slow Horses

Eddie Redmayne, O Dia Do Chacal

Hiroyuki Sanada, Xógum: A Gloriosa Saga do Japão – VENCEDOR

Billy Bob Thornton, Landman

Melhor Atriz Coadjuvante em Título para a Televisão ou Streaming

Liza Colón-Zayas, O Urso

Hannah Einbinder, Hacks

Dakota Fanning, Ripley

Jessica Gunning, Bebê Rena – VENCEDORA

Allison Janney, A Diplomata

Kali Reis, True Detective: Night Country

Melhor Ator Coadjuvante em Título para a Televisão ou Streaming

Tadanobu Asano, Xógum: A Gloriosa Saga do Japão – VENCEDOR

Javier Bardem, Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos de Pais

Harrison Ford, Falando a Real

Jack Lowden, Slow Horses

Diego Luna, A Máquina

Ebon Moss-Bachrach, O Urso

Melhor Ator em Série de Comédia ou Musical

Adam Brody, Ninguém Quer

Ted Danson, Um Espião Infiltrado

Steve Martin, Only Murders in the Building

Jason Segel, Falando a Real

Martin Short, Only Murders in the Building

Jeremy Allen White, O Urso – VENCEDOR

Melhor Roteiro

Emilia Pérez

Anora

O Brutalista

A Verdadeira Dor

A Substância

Conclave – VENCEDOR

Melhor Comediante

Jamie Foxx, What Had Happened Was

Nikki Glaser, Someday You’ll Die

Seth Meyers, Dad Man Walking

Adam Sandler, Love You

Ali Wong, Single Lady – VENCEDORA

Ramy Youssef, More Feelings

Melhor Filme de Língua Não Inglesa

Tudo Que Imaginamos Como Luz

Emilia Pérez – VENCEDOR

The Girl With the Needle

Ainda Estou Aqui

The Seed of the Sacred Fig

Vermiglio

Melhor Ator de Filme para TV ou Série Limitada

Colin Farrell, Pinguim – VENCEDOR

Richard Gadd, Bebê Rena

Kevin Kline, Disclaimer

Cooper Koch, Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais

Ewan McGregor, Um Cavalheiro Em Moscou

Andrew Scott, Ripley

Melhor Atriz de Filme para TV ou Série Limitada

Cate Blanchett, Disclaimer

Jodie Foster, True Detective: Night Country – VENCEDORA

Cristin Milioti, Pinguim

Sofía Vergara, Griselda

Naomi Watts, Feud: Capote vs. the Swans

Kate Winslet, O Regime

Melhor Atriz em Filme de Comédia ou Musical

Amy Adams, Canina

Cynthia Erivo, Wicked

Karla Sofía Gascón, Emilia Pérez

Mikey Madison, Anora

Demi Moore, A Substância – VENCEDORA

Zendaya, Rivais

Melhor Ator em Filme de Comédia ou Musical

Jesse Eisenberg, A Verdadeira Dor

Hugh Grant, Herege

Gabriel LaBelle, Saturday Night

Jesse Plemons, Tipos de Gentileza

Glen Powell, Assassino por Acaso

Sebastian Stan, Um Homem Diferente – VENCEDOR

Melhor Filme de Animação

Flow – VENCEDOR

Divertida Mente 2

Memórias de um Caracol

Moana 2

Wallace & Gromit: Avengança

Robô Selvagem

Melhor Direção

Jacques Audiard, Emilia Pérez

Sean Baker, Anora

Edward Berger, Conclave

Brady Corbet, O Brutalista – VENCEDOR

Coralie Fargeat, A Substância

Payal Kapadia, Tudo Que Imaginamos Como Luz

Melhor Trilha Sonora

O Brutalista

Conclave

Robô Selvagem

Emilia Pérez

Rivais – VENCEDOR

Duna: Parte 2

Melhor Canção Original

The Last Showgirl – “Beautiful That Way”

Rivais – “Compress/Repress”

Emilia Pérez – “El Mal” – VENCEDORA

Better Man – “Forbidden Road”

Robô Selvagem — “Kiss the Sky”

Emilia Pérez – “Mi Camino”

Maior Evento Cinematográfico do Ano

Alien: Romulus

Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice

Deadpool & Wolverine

Gladiador 2

Divertida Mente 2

Twisters

Wicked – Vencedor

Robô Selvagem

Melhor Filme para TV ou Série Limitada

Monstros

Bebê Rena – VENCEDOR

Difamação

Pinguim

True Detective: Terra Noturna

Ripley

Melhor Série de Comédia

Abbott Elementary

O Urso

Magnatas do Crime

Hacks – VENCEDOR

Ninguém Quer

Only Murders in the Building

Melhor Atriz de Drama em Série de TV

Kathy Bates, Matlock

Emma D’Arcy, A Casa do Dragão

Maya Erskine, Sr. e Sra. Smith

Keira Knightley, Black Doves

Keri Russell, A Diplomata

Anna Sawai, Xógum: A Gloriosa Saga do Japão – VENCEDORA

Melhor Série de Drama

O Dia do Chacal

A Diplomata

Sr. e Sra. Smith

Xógum: A Gloriosa Saga do Japão – VENCEDOR

Slow Horses

Round 6

Melhor Atriz em Filme de Drama

Pamela Anderson, The Last Showgirl

Angelina Jolie, Maria Callas

Nicole Kidman, Babygirl

Tilda Swinton, O Quarto ao Lado

Fernanda Torres, Ainda Estou Aqui – VENCEDORA

Kate Winslet, Lee

Melhor Ator em Filme de Drama

Adrien Brody, O Brutalista – VENCEDOR

Timothée Chalamet, Um Completo Desconhecido

Daniel Craig, Queer

Colman Domingo, Sing Sing

Ralph Fiennes, Conclave

Sebastian Stan, O Aprendiz

Melhor Filme de Drama

O Brutalista – VENCEDOR

Um Completo Desconhecido

Conclave

Dune: Parte 2

Nickel Boys

Setembro 5

Melhor Filme de Comédia ou Musical

Anora

Rivais

Emilia Pérez – VENCEDOR

A Verdadeira Dor

A Substância

Wicked

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.

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