OPINIÃO

Vitórias que reafirmam a força da luta coletiva: Saúde Caixa, Itaú e C6 - Por Neiva Ribeiro

As últimas semanas foram marcadas por vitórias para a categoria bancária, que reafirmam o papel decisivo da mobilização sindical e da unidade dos trabalhadores

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Presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários. É formada em Letras, pós-graduada em Gestão Pública e Gestão Universitária. Foi secretária de Formação e Diretora Geral da Faculdade 28 de Agosto. É integrante do Comitê Mundial de Mulheres da UNI Global Unión (sindicato global), ocupando a vice-presidência da UNI América Mulheres.
Vitórias que reafirmam a força da luta coletiva: Saúde Caixa, Itaú e C6 - Por Neiva Ribeiro
Reprodução/Agência Brasil/Marcelo Camargo

Avançamos na proposta de renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) do Saúde Caixa com a manutenção do percentual do salário a ser pago pelos titulares (3,5%) e do valor fixo pago pelos dependentes, com reajuste zero.

No Itaú, após um mês de intensas negociações, protestos, plenárias e mediação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), os bancários demitidos em setembro aprovaram, com 89,3% dos votos, o acordo conquistado pelo Sindicato. Já no C6 Bank, depois de mais de um ano de luta e denúncias públicas, a PLR finalmente foi paga de forma correta e atualizada, como determina a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). 

Essas três conquistas, embora diferentes em contexto, têm um mesmo significado: demonstram que só a luta coletiva garante direitos e resultados concretos.

Na Caixa, nossa mobilização foi fundamental para que nossas reivindicações fossem atendidas, com reajuste zero no Saúde Caixa, permanecendo as regras atuais; respeito ao pacto intergeracional e mutualismo e a ampliação do plano de saúde para filhos até 27 anos (R$ 800,00).

No caso do Itaú, o banco usou como justificativa o monitoramento digital ignorando completamente a realidade das áreas, as metas, as condições de trabalho e, sobretudo, o respeito ao demitir mais de mil trabalhadores que atuavam em home office ou modelo híbrido.

Desde o primeiro momento, o Sindicato se colocou ao lado dos trabalhadores, recebendo denúncias dos bancários - fomos à imprensa, denunciamos o desrespeito ao processo negocial, organizamos atos, paralisações e plenárias. Buscamos a mediação da Fenaban e, diante da resistência do banco, recorremos ao TRT da 2ª Região, onde, após três audiências, foi construída a proposta de acordo que agora foi aprovada por ampla maioria. 

O acordo no Itaú garante indenizações expressivas — com valores que variam de quatro a dez salários, mais R$ 9 mil fixos e a 13ª cesta-alimentação —, além da manutenção das condições especiais para quem possui financiamento imobiliário com o Itaú. Mas o significado dessa conquista vai além do valor financeiro: ela afirma que os trabalhadores não aceitam ser tratados como números em planilhas e que a dignidade no trabalho é inegociável.

No mesmo período, conquistamos outro avanço no C6 Bank. Após um longo processo de negociação e mobilização, o banco iniciou o pagamento da PLR correta e atualizada, conforme previsto na CCT dos bancários. O Sindicato apurou diferenças que chegaram a quase R$ 12 mil entre o valor pago em 2024 e o corrigido em 2025 — um reconhecimento concreto do erro e da força da mobilização. O C6 havia descumprido a Convenção Coletiva ao criar um programa interno de resultados, ignorando as regras da PLR acordadas nacionalmente. A partir das denúncias dos trabalhadores, o Sindicato reagiu de imediato: cobramos explicações, realizamos protestos, plenárias e solicitamos conversas com o banco junto à Fenaban. Foram meses de pressão até que, em agosto deste ano, os empregados aprovaram em assembleia a proposta que corrigiu as distorções e compensou os prejuízos sofridos.

Essas três vitórias — Saúde Caixa, Itaú e no C6 — simbolizam algo essencial: os trabalhadores organizados têm poder. Elas mostram que a categoria organizada é capaz de transformar injustiça em conquista, desrespeito em negociação e desigualdade em reparação.

As conquistas renovam o ânimo para avançar nos desafios de combater o fechamento de agências e postos de trabalho, fortalecer a luta por melhores condições de trabalho e lutar pelo fim das metas abusivas e a terceirização no setor.

Continuaremos firmes na defesa do emprego, da transparência, da privacidade e do respeito à Convenção Coletiva de Trabalho da categoria. Seguiremos vigilantes diante das transformações tecnológicas, dos novos modelos de trabalho e das tentativas de precarização. Cada vitória é um lembrete de que nada nos foi dado — tudo foi conquistado. E continuará sendo, enquanto houver união, consciência de classe e solidariedade.

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