Cães e gatos: O dia em que mudei de opinião - Por Lucas Vasques
Durante 30 anos da minha vida não quis saber de animais em casa, mas...
Li com atenção o ótimo artigo escrito por nosso editor de Cultura, aqui da Fórum, Julinho Bittencourt, um amigo de quatro décadas que a vida me presenteou. Com seu habitual ótimo texto e uma leve dose de humor cáustico, ele deixou bem claro a verdadeira aversão por animais de estimação.
Admito que concordo com alguns motivos declarados por ele, certos exageros desnecessários e incômodos para quem não gosta de animais (eles têm direito e, afinal, vivemos em sociedade).
Por exemplo: o uso infeliz dos termos tutor e pets ou a permissão da presença dos bichinhos em qualquer local. Ou, para piorar, gente que trata seu cão ou gato como filho, inclusive levando o animal para passear em carrinhos de bebê, e por aí vai.
Aliás, cabe ressaltar, durante 30 anos da minha vida não quis saber de animais em casa. Não simpatizava e achava que cuidar dava muito trabalho (o que, de fato, é verdade).
Porém, as coisas começaram a mudar depois que fui alvo de um verdadeiro complô. Minha filha mais nova, quando criança, nutria o sonho de ter um cachorrinho. Como morávamos em um apartamento alugado, era prudente não contar com um cão em casa, pois, à época, alguns edifícios não aceitavam animais domésticos.
No momento em que conseguimos adquirir um imóvel próprio, teve início uma campanha articulada por minha mulher e as duas filhas (meu filho veio depois) para que, enfim, tivéssemos um cão.
Fui convencido, evidentemente. Pouco tempo depois, chegou em casa a Kuka. A partir daí minha percepção sobre animais domésticos foi se transformando.
Chegava do trabalho muito tarde, perto das 2 horas da madrugada. Claro que todos estavam dormindo, porque minha mulher trabalhava cedo e as meninas estudavam. E quem sempre me esperava era a Kuka, que fazia companhia enquanto eu jantava e assistia um pouco de TV.
Conexão
A partir da convivência, percebi que é possível surgir uma autêntica conexão pessoa-cachorro. Não sei em relação a outros animais, pois minha experiência no assunto se resume aos cães.
Pois bem. Kuka viveu conosco durante 17 anos, sempre alegrando a casa. Quando morreu senti verdadeiramente um luto. Um luto diferente, mas não deixa de ser um luto.
Depois disso, minha mulher e eu decidimos não ter mais cachorros. Entretanto, um belo dia, a filha mais nova, aquela mesma do primeiro cachorro e já adulta, ganhou a Lola.
O que aconteceu, então? Tudo se repetiu com a nova cãozinha, que, felizmente, continua por aqui.
Lembrei agora do verso da canção mencionada por Julinho, do grande Eduardo Dussek: “Troque seu cachorro por uma criança pobre”. Pois me permito sugerir uma ideia diferente, apenas como exemplo. Por que não adotar uma criança pobre e presenteá-la com um cachorrinho? Garanto que ela vai gostar.
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