QUE INFERNO

Mostrou as tripas e foi defender o golpe: uma tragicomédia cafajeste

Há menos de uma semana Bolsonaro esperneava e fazia cara de moribundo, com o bucho a céu aberto nas redes. Hoje, sorridente, está entre os seus. Os golpistas

Jair Bolsonaro em ato golpista, em Brasília, em 7 de maio de 2025.Créditos: Sérgio Lima/AFP
Escrito en OPINIÃO el

Se a História do Brasil tivesse um roteirista, ele seria um sujeito único, genial em sua criatividade e certamente rotulado como alguém com sérios desvios psíquicos. O que vem se assistindo no país em decorrência do comportamento incendiário e caótico do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é algo que já se tornou um desafio em termos de saúde mental para o cidadão.

Bolsonaro é de longe a figura mais bizarra e destruidora do universo político brasileiro. Sua bizarrice grotesca, que sempre foi algo muito além de uma esquisitice, supera em muito as extravagâncias ou excentricidades de lideranças de qualquer lugar do mundo, em qualquer tempo. Vai além da fama de medroso de Augusto Pinochet, que não dormia no Palácio La Moneda por medo de ver o espírito de Salvador Allende, da afabilidade patológica de Hitler com as crianças, mesmo matando milhões delas, ou ainda da hipocrisia doentia de Jorge Rafael Videla, o homem “da família” que escondeu o próprio filho deficiente numa espécie de “clínica” rural para que ninguém soubesse de sua existência.

Há três dias Bolsonaro saía do hospital. Uns dias antes, publicou para o Brasil inteiro ver as próprias tripas, minuciosamente fotografada durante a laparotomia exploratória a que foi submetido para corrigir aderências de seu intestino delgado. Eis que, depois dessa sequência de ações toscas e nauseabundas, após semanas fazendo cara de moribundo e agindo como um homem quase morto, ele aparece sorridente, de camisa da seleção brasileira, em cima de um caminhão, defendendo golpistas e o golpe.

Mas isso não é tudo. Bolsonaro, que já confessou o crime que cometeu, para arrepio de seus advogados, embora no STF ele diga que é inocente, agora eleva ainda mais o tom nessa tragicomédia cafajeste por ele dirigida. Foi a Brasília, onde a tentativa de golpe de Estado liderada por ele ocorreu em 8 de janeiro de 2023, se reunir com os golpistas que estão soltos e com familiares dos golpistas que estão presos. Sim, foi a petulância máxima perpetrada pelo “mito”.

Há uma repetição cansativa em dizer que Bolsonaro só irá parar quando for preso, mas infelizmente isso é um fato. Solto, num dia ele mostra os intestinos e no outro abraça amorosamente criminosos fascistoides que tentaram mantê-lo na Presidência com um golpe. Ou seja, todo dia é uma patetada diferente e o país e seu povo ficam reféns desse roteiro insano e exaustivo.

O ato desta quarta-feira (7) é só um comprovativo de que, por meio de uma algazarra estonteante, o ex-presidente de extrema direita vai conseguindo o que quer: infernizar o Brasil e tirar a paz diária da nação por meio de um circo imparável que produz pérolas como essa todos os dias, para desespero de quem deseja que a vida normal retorne.

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