Pesquisa Fórum: Mesmo com ataques de Bolsonaro, cai a rejeição à gestão de governadores na pandemia

A avaliação negativa da atuação dos governadores é menor do que a do presidente

Fórum de Governadores do Nordeste, Foto: Agência Brasil
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A Pesquisa Fórum, realizada em parceria com a Offerwise, mostra que a rejeição à atuação dos governadores na gestão da pandemia diminuiu de 40,4% em março para 36,1% em junho. A avaliação negativa vinha subindo desde outubro do ano passado. Além disso, para 28,4% dos entrevistados os governadores estão fazendo uma gestão ótima ou boa. Em março, esse índice era de 26%. Já os que consideram a gestão regular são 33,5%.

A avaliação dos governadores está melhor do que a de Jair Bolsonaro (sem partido) em relação à gestão da pandemia, assim como na última edição da Pesquisa Fórum. Mais da metade da população (51,7%) considera que o presidente tem uma atuação ruim ou péssima. Somente para 23,8%, Bolsonaro faz uma gestão ótima ou boa, para 21% ela é regular e 3,4% não sabem responder.

A queda da rejeição aos governadores pode indicar que o discurso do presidente Jair Bolsonaro contra os governadores pode não estar mais funcionando. "Quem fechou tudo, fui eu ou foi o governador? Quem fechou o comércio, fui eu ou o governador?", disse o presidente a um apoiador em fevereiro deste ano, em São Francisco do Sul, litoral de Santa Catarina.

Além de declarações contrárias a medidas tomadas pelos governadores para combater a pandemia, como o distanciamento social e o uso de máscaras, Bolsonaro chegou a publicar, em março, dados falsos sobre supostos repasses aos estados durante 2020 para serem usados na pandemia do coronavírus.

Em seguida, 17 governadores divulgaram um abaixo-assinado contrário ao presidente. “Os governadores dos estados abaixo assinados manifestam preocupação em face da utilização, pelo governo federal, de instrumentos de comunicação oficial, custeados por dinheiro público, a fim de produzir informação distorcida, gerar interpretações equivocadas e atacar governos locais”, dizia o texto.

Mas a estratégia de Bolsonaro e de seus senadores-apoiadores na CPI da Covid para convocar os governadores sofreu um revés na última semana. O Supremo Tribunal Federal (STF) seguiu a posição da ministra Rosa Weber contra a convocação de governadores como testemunhas na CPI do Genocídio e decidiu, na quinta-feira (24), que eles não podem ser obrigados a comparecer à comissão.

"Os governadores de estado prestam contas perante a Assembleia Legislativa local (contas de governo ou de gestão estadual) ou perante o Tribunal de Contas da União (recursos federais), jamais perante o Congresso Nacional”, determinou Rosa Weber, antes da questão ser levada aos outros ministros do Supremo.

Bolsonaro sentiu e neste sábado (26), em mais um passeio de moto, desta vez em Chapecó (SC), disse: “Temos uma CPI de sete pilantras, que não querem investigar quem recebeu o dinheiro, apenas quem mandou o dinheiro. Lamentavelmente, o Supremo decidiu pela CPI e decidiu também que governadores estão desobrigados de comparecer à mesma. Querem apurar o quê? No tapetão não vão levar”.

Pesquisa inova com metodologia

9ª Pesquisa Fórum foi realizada entre os dias 21 e 24 de junho, em parceria com a Offerwise, e ouviu 1000 pessoas de todas as regiões do país. A margem de erro é de 3,2 pontos porcentuais, para cima ou para baixo. O método utilizado é o de painel online e a coleta de informações respeita o percentual da população brasileira nas diferentes faixas e segmentos.

O consultor técnico da Pesquisa Fórum, Wilson Molinari, explica que os painelistas são pessoas recrutadas para responderem pesquisas de forma online. A empresa que realiza a pesquisa, a Offerwise, conta com aproximadamente 1.200.000 potenciais respondentes no Brasil. “A grande vantagem é que o respondente já foi recrutado e aceitou participar e ser remunerado pelas respostas nos estudos que tenha interesse e/ou perfil para participar. No caso da Pesquisa Fórum, por ser de opinião, não existe perfil de consumidor restrito, como, por exemplo, ter conta em determinado banco, ou possuir o celular da marca X. O mais importante é manter a representatividade da população brasileira, tais como, gênero, idade, escolaridade, região, renda, etc.”