Movimentos populares lançam manifesto contra posicionamento do Itamaraty sobre Venezuela

“Todos sabemos que a pressão contra a Venezuela não é por democracia, mas sim pelas reservas de petróleo, das quais as empresas transnacionais querem se apoderar”, diz o documento

Brasília - Integrantes da CUT e movimentos sociais se concentram em frente ao Estádio Mané Garrincha para a marcha contra o impeachment e pelo afastamento de Eduardo Cunha (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
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[caption id="attachment_164787" align="alignnone" width="700"] Foto: Agência Brasil[/caption] Representantes de inúmeros movimentos populares brasileiros divulgaram uma nota de repúdio à posição do Itamaraty em relação ao governo recém-empossado de Nicolás Maduro, da Venezuela. O documento afirma que a atitude brasileira “cobre de indignidade o governo brasileiro e representa escandalosa violação do direito internacional”. Fórum terá um jornalista em Brasília em 2019. Será que você pode nos ajudar nisso? Clique aqui e saiba mais Acompanhem a íntegra do documento: Apoiamos a soberania do povo venezuelano e o mandato constitucional de Nicolás Maduro A recente nota do Itamaraty sobre o governo Nicolás Maduro cobre de indignidade o governo brasileiro e representa escandalosa violação do direito internacional. Suas acusações difamatórias e sem provas desnudam o despreparo dos novos mandatários e sua submissão ilimitada aos interesses da Casa Branca. Suas palavras não têm nenhum valor, por buscarem ocultar a realidade venezuelana: desde que Hugo Chávez tomou posse como presidente do país, em 1999, ocorreram 23 processos eleitorais ou referendos nacionais, nenhum partido de oposição jamais foi interditado e a mídia oposicionista continuou a existir livremente. Ao contrário dos inimigos do povo, que ansiando controlar o petróleo, recorreram de forma contumaz a expedientes golpistas e ilegais, com atos terroristas, como aconteceu na última semana, em que queimaram depósitos de remédios. Os governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro jamais atuaram fora das regras constitucionais. As eleições de maio de 2018 foram acompanhadas por mais de 200 observadores internacionais, como o ex-primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, o ex-presidente do Equador, Rafael Correa, o ex-embaixador do Brasil, Samuel Pinheiro, e o representante da Comissão Central Eleitoral da Rússia, Vasili Likhachev, entre outros e outras. Contaram também com a participação do Conselho de Especialistas Eleitorais da América Latina (CEELA), que vem observando os últimos pleitos na Venezuela. Os ataques mentirosos e levianos da chancelaria brasileira, na verdade, são parte de uma escalada diplomática que tem como objetivo preparar as condições para uma intervenção militar estrangeira. Ao reconhecer alguns dirigentes da Assembleia Nacional como “governo interino”, o governo Bolsonaro participa de um ato de usurpação, sem qualquer amparo legal e à revelia da soberania popular. O Itamaraty se revela domesticado às pretensões do governo estadunidense, que escolheu esse caminho para aprofundar a ingerência e a sabotagem contra o povo venezuelano. As acusações de terrorismo e narcotráfico são algumas das difamações destinadas a criar, na opinião pública brasileira e latino-americana, um clima favorável à agressão imperialista da qual o governo Bolsonaro se oferece como cúmplice servil. Todos sabemos que a pressão contra a Venezuela não é por democracia, mas sim pelas reservas de petróleo, das quais as empresas transnacionais querem se apoderar. Diante desse descalabro, os movimentos populares da cidade e do campo, em conjunto com todas as forças progressistas, repudiam essa postura do governo brasileiro e conclamam à resistência contra qualquer iniciativa que tenha como intenção violar a soberania, a democracia e a situação econômica na República Bolivariana da Venezuela. São Paulo, 18 de janeiro de 2019 Assinam este manifesto: Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB Central Única dos Trabalhadores – CUT Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela Confederação Nacional dos Metalúrgicos Conselho Indigenista Missionário – CIMI Federação Única dos Petroleiros – FUP Levante Popular da Juventude Marcha Mundial das Mulheres – MMM Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB Movimento Camponês Popular – MCP Movimento pela Soberania Popular da Mineração – MAM Movimento de Mulheres Camponesas – MMC Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA Movimento dos Pescadores e Pescadoras – MPP Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos – MTD Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba Pastoral da Juventude Rural – PJR Rede de médicos e médicas Populares Sindicato dos Metalúrgicos do ABC União Brasileira de Mulheres – UBM Intelectuais e amigos da Venezuela: Breno Altman – Jornalista Cláudio Katz – Intelectual e Economista Argentino Fernando Morais – Escritor e Jornalista Horácio Martins de Carvalho – Cientista Social e Agrônomo José Reinaldo Carvalho, jornalista, editor do site Resistência e diretor do Cebrapaz João Pedro Stédile – Via Campesina Marco Antônio Santos – Psicólogo – SP Olímpio dos Santos – Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro Pe. José Oscar Beozzo – professor de História da Igreja na América Latina Roberto Amaral – Escritor Socorro Gomes, presidenta do Conselho Mundial da Paz Com informações do Brasil de Fato Agora que você chegou ao final deste texto e viu a importância da Fórum, que tal apoiar a criação da sucursal de Brasília? Clique aqui e saiba mais