Chile tem lista de organizações e líderes sociais perseguidos pelo governo Piñera

Arquivos hackeados dos Carabineros (polícia militarizada chilena) mostram que autoridades policiais monitoravam sindicatos, organizações feministas e ambientais, com policiais infiltrados

Foto: José Cruz/Agência Brasil
Escrito en POLÍTICA el
O portal informativo chileno Interferencia publicou nesta sexta-feira (1) um arquivo vazado dos computadores dos Carabineros (polícia militarizada chilena), que mostra uma lista de organizações sociais, sindicatos e entidades que vinham sendo vigiadas pelas autoridades policiais. O arquivo vazado inclui, além do nome das instituições, uma agenda de atividades que elas realizaram nas últimas semanas, e também os nomes de líderes sociais que estavam sendo monitorados, através de policiais infiltrados nas mesmas. Também indica que esse acompanhamento já vinha sendo realizado antes do início da série de protestos massivos no país, no dia 18 de outubro. Entre os dados revelados nas listas estão, por exemplo, a assembleia na qual a Associação Nacional de Funcionários Públicos (ANEF, por sua sigla em espanhol) decidiu iniciar sua greve a nível nacional, o acompanhamento da greve dos trabalhadores da Rádio Bío-Bío, também das eleições da Ordem dos Professores, além do monitoramento das atividades do líder regional Rodrigo Mundaca, ativista meio ambiental e um dos principais nomes da luta para reverter a privatização da água, e também um grupo de advogadas que apoia a Rede Chilena de Combate à Violência Contra a Mulher. Segundo o portal Interferencia, o documento chegou até eles após um hackeamento massivo de documentos dos servidores dos Carabineros, que aconteceu no dia 22 de outubro. O meio não revelou a identidade das pessoas que entregaram a lista, mas afirmou que existem mais milhares de informações que ainda faltam ser reveladas, que vão desde a compra de armamentos até a ficha pessoal de oficiais de alto mando. Sobre as revelações, o ativista ambiental Rodrigo Mundaca disse que “o trabalho que nós fazemos é reconhecido mundo afora, mas aqui ele é perseguido e criminalizado pelo Estado. Estamos vivendo a maior convulsão social da história do país, e os acontecimentos estão mostrando, como neste caso, que o delinquente aqui é o governo, que vulnera os direitos de quem está lutando por um país melhor”. Em setembro deste ano, Mundaca recebeu o Prêmio Internacional de Direitos Humanos de Nuremberg, por sua luta em favor do livre acesso à água potável no norte do Chile.