Weintraub usa técnicos do governo para tentar censurar Wikipedia

Confirmação foi feita em manifestação provocada pelo deputado Marcelo Freixo (PSol-RJ). Entre os temas que causam desconforto ao ministro na Wikipedia estão as acusações de nepotismo e a tentativa de interdição judicial do próprio pai, o psiquiatra Mauro Weintraub

Abraham Weintraub (Foto: Reprodução/Twitter)
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O ministro da Educação, Abraham Weintraub, está usando a estrutura técnica do governo para tentar impor censura à Wikipedia e apagar seu verbete da enciclopédia livre na internet. Em manifestação a perguntas elaboradas por escrito pelo deputado Marcelo Freixo (PSol-RJ), divulgadas nesta segunda-feira (4) pela Folha de S.Paulo, confirma o uso de técnicos do ministério na guerra jurídica e nas redes para editar e tentar apagar seu perfil. “A utilização das equipes técnicas deste ministério da Educação fundamentou-se na competência regimental prevista no Decreto nº 9.665/2019”, diz a resposta do ministro que aponta a consultoria jurídica como órgão responsável por assessoramento e representação institucional do Ministério da Educação. Os técnicos recomendam que o ministro acione a Advocacia-Geral da União (AGU) para representá-lo num possível processo judicial contra a Wikipédia e dizem que o verbete de Weintraub é "perfil falseado", por conter informações que desagradam o ministro. Entre essas informações, está a acusação de nepotismo ao assumir cargo de professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), onde também trabalham sua mulher e o seu irmão. Em entrevistas, o ministro disse que foi aprovado no concurso "porque outros candidatos não apareceram no dia”. Outra questão que traz desconforto ao ministro é é a tentativa de interdição judicial do próprio pai, o psiquiatra Mauro Weintraub, em 2011. Mauro foi perseguido pela ditadura militar e é autor do livro: “Sonhos e Sombras: a Realidade da Maconha", que defendeu a descriminalização da droga no início dos anos 1980, uma postura progressista para a época. O pedido de interdição do pai do ministro foi indeferido por falta de subsídios, segundo a Justiça.