Bolsonaro mostra desconhecer liturgia do cargo, diz ex-ministro da Cultura

Para Juca Ferreira, Bolsonaro mostrou desconhecer a liturgia do cargo e inviabilizou sua permanência. "Quem o respeitará daqui para frente? Só se for pela força", afirmou

O ex-ministro Juca FerreiraFoto: Jeanine Moraes
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A publicação de um vídeo obsceno pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, foi uma manifestação de falta de decoro e desconhecimento da liturgia do cargo. A avaliação é de Juca Ferreira, ex-ministro da cultura dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff,  atualmente secretário da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte. Nesta terça-feira (5), o presidente publicou em sua conta no Twitter um vídeo em que uma pessoa urina sobre a outra, um fetiche conhecido como golden shower (chuva dourada). O vídeo foi gravado ao ar livre. Segundo Bolsonaro, o ato aconteceu em um bloco de Carnaval. O presidente não especificou em qual bloco ou cidade. "Ele se inviabilizou completamente para permanecer no cargo. Quem o respeitará daqui para a frente? Só se for pela força", afirmou o ex-ministro à Fórum. Para ele, a postagem foi uma tentativa de Bolsonaro de responder à rejeição que sofreu no Carnaval, marcado por protestos contra ele e suas pautas em blocos de rua e até escolas de samba. "Bolsonaro mostrou, mais uma vez, todo seu despreparo para dirigir o país, seu baixo nível intelectual e seu desequilíbrio emocional, ao tentar responder à rejeição a sua pessoa, a seu governo e a todo o projeto que eles estão tentando pôr em marcha, que se manifestou de norte a sul neste Carnaval",  disse. Para Juca Ferreira, tentar associar o vídeo postado ao Carnaval mostra a "ignorância histórica" do presidente. "É uma farsa, uma forma de fake news e mostra algo que já é muito evidente: o Brasil não cabe nesse projeto regressivo, reacionário e extremamente conservador que Bolsonaro representa". Na avaliação do ex-ministro, o presidente e seu grupo buscam a destruição não apenas do Carnaval, mas do espírito do povo brasileiro. "Eles são contra o Brasil e seu povo. Querem nos anular, querem atingir nossa alegria de viver, nossos direitos sociais. Querem destruir o Estado brasileiro e com ele anular todos os direitos conquistados".