Conservadores liderados por Eduardo Bolsonaro querem impor censura nas produções de cinema

Atendendo a pedidos, governo anunciou que investirá R$ 2 milhões em vídeos que exaltem o "patriotismo". Projeto recebeu o nome de #AmorPeloBrasil

Eduardo Bolsonaro e Olavo de Carvalho (Reprodução/Facebook)Créditos: Facebook
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Organizações conservadoras vêm tendo discussões com representantes do governo federal sobre políticas para o cinema, como a Lei do Audiovisual e a composição do conselho do setor, propondo censuras em filmes considerados de temática "polêmica". Uma dessas organizações é a Cúpula Conservadora das Américas, lançada no final de 2018 e que tem como um de seus principais representantes o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). A ideia de criação do grupo veio como uma alternativa de direita para o Foro de São Paulo, reunião de partidos de esquerda. Se você curte o jornalismo da Fórum clique aqui. Em breve, você terá novidades que vão te colocar numa rede em que ninguém solta a mão de ninguém Em junho, ativistas da Cúpula se reuniram com o ministro da Cidadania, Osmar Terra, para discutir a produção de filmes que destaquem símbolos nacionais e valores conservadores, como patriotismo e preservação da família. Também participaram representantes do Brasil 2100, que reúne empresários e pesquisadores conservadores. Em outra reunião, desta vez no dia 28 de agosto, uma das questões debatidas foi que temas considerados polêmicos, como drogas e questões de gênero, "afugentam público" e reduzem o apelo comercial de filmes, por não poderem ser classificados como de censura livre. Por isso, na visão deles, esses temas deveriam ser evitados em produções incentivadas com recursos públicos. Também nessa reunião foi debatida a importância de haver um representante da equipe econômica no Conselho Superior de Cinema, instância responsável por formular e implementar políticas para o setor. Segundo o relato de um participante, essa será a estratégia para transformar os filmes brasileiros em produtos de exportação mais bem-sucedidos. Em mais de uma ocasião, o presidente Jair Bolsonaro bateu de frente com produções audiovisuais que citem drogas ou sexo. Um de seus principais alvos é o filme "Bruna Surfistinha", utilizado como exemplo pelo presidente para defender mudanças na Agência Nacional de Cinema. Amor pelo Brasil Prometendo o que foi discutido nas reuniões com conservadores, o governo de Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta (6) que deverá investir R$ 2 milhões em 351 vídeos que contem “histórias de vida que sirvam como exemplo para a promoção da cidadania”. O projeto #AmorPeloBrasil é lançamento do Ministério da Cidadania e contemplará filmes feitos por jovens de 12 a 18 anos pelo celular. A quantia sairá do Fundo Nacional de Cultura e os trabalhos serão selecionados pela Secretaria do Audiovisual.