Bolsonaro já disse em entrevista que aborto "tem que ser uma decisão do casal"

Em 2000, o presidente Jair Bolsonaro deu a entender que a gravidez de Jair Renan podia ter sido interrompida; nesta quarta, ele condenou a aprovação da lei do aborto legal na Argentina, que garante um procedimento seguro e gratuito para todas as pessoas que desejem interromper a gravidez

Foto: Isac Nóbrega/PR
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Logo após o presidente Jair Bolsonaro condenar a aprovação do projeto de lei de legalização da interrupção voluntária da gravidez na Argentina, nesta quarta-feira (30), veio à tona uma entrevista dada por ele à jornalista Cláudia Carneiro, da IstoÉ Gente.

Conforme destacou o jornalista Jose Cassio, do Diário do Centro do Mundo, o presidente parece adotar dois pesos e duas medidas para a situação. Apesar de condenar a possibilidade do aborto voluntário aprovado no Congresso da Argentina, o mandatário já defendeu que o tema fosse decidido no âmbito privado.

"Tem de ser uma decisão do casal", disse o então deputado federal sobre a legalização do aborto.

Em seguida, ele afirma que já viveu uma situação do tipo. "Já. Passei para a companheira. E a decisão dela foi manter. Está ali, ó", completou, apontando para o filho Jair Renan, o "04".

A jornalista Cláudia Carneiro fez uma publicação no Facebook sobre o assunto em 2018. Agora ele nega a afirmação. Pegaria mal no eleitorado dele. Mas ele disse! E ainda revelou que viveu esta situação: deixou para a companheira decidir ‘e a decisão dela foi manter’. Referia-se ao seu quarto filho”, comentou Carneiro.

A declaração mostra uma incoerência do presidente, que normalizava a prática quando o assunto era pessoal, mas rechaça a possibilidade no âmbito público - ou seja, um aborto seguro e gratuito para todas.

Esse discurso dialoga com a realidade do aborto no Brasil, em que pessoas que tem condição de pagar valores altíssimos em clínicas clandestinas de luxo, realizam o procedimento sem problemas, enquanto pessoas mais vulnerabilizadas correm sérios riscos ao realizar um aborto.

A contradição surgiu durante a votação do Senado na Argentina em diversos momentos. “Esta lei é a justiça social porque iguala o acesso à saúde para ricos e pobres; porque protege meninas e mulheres jovens; porque equivale à empatia aquela desigualdade de origem com um Estado presente preservando a saúde de todos”, declarou a senadora Ana Almirón, do bloco Frente de Todos (governista) da província Corrientes.

Confira aqui a entrevista, publica na IstoÉ Gente de 14/02/2000: