O Ministério Público de São Paulo detectou, após quebra de sigilo bancário, que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, realizou depósitos em dinheiro em transações suspeitas para driblar órgãos de controle. A mesma estratégia foi usada pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) nas supostas "rachadinhas", que seriam comandadas pelo ex-PM Fabrício de Queiroz.
Segundo reportagem de Fábio Serapião e Fábio Leite, na revista Crusoé, extratos bancários mostram que o ministro de Jair Bolsonaro realizou ao menos seis depósitos no valor de R$ 9,9 mil em dinheiro, sendo que três deles foram feitos no dia 15 de julho de 2016, véspera da posse como secretário do Meio Ambiente no governo Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo.
A estratégia chama a atenção dos promotores, pois os bancos só são obrigados a comunicar órgãos de controle, como o antigo Coaf, por depósitos em dinheiro a partir de R$ 10 mil.
Segundo a reportagem, entre 2013 e 2017, Salles movimentou cerca de R$ 7 milhões, sendo R$ 332 mil em depósitos em dinheiro vivo. Entre 2012 e 2018, o patrimônio do ministro saltou de R$ 1,4 milhão para R$ 8,8 milhões.
Aos jornalistas, Salles disse que optou por fazer os depósitos fracionados para evitar o preenchimento de formulários do banco, que são obrigatórios em valores acima de R$ 10 mil para informação aos órgãos de controle.