Decotelli nega plágio em tese de mestrado, mas está disposto a alterar documento

Dependendo do que for apurado, e se for mesmo constatado o plágio, o ministro Decatelli perderá seu título. E sem o título de mestre, seu suposto doutorado também ficaria em xeque

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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O novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli comunicou que as acusações de suposto plágio na dissertação de mestrado apresentada em 2008 à Fundação Getúlio Vargas (FGV), não envolvem "dolo" de sua parte e que "quaisquer omissões" devem-se a "falhas técnicas ou metodológicas", mas que está disposto a fazer uma revisão no trabalho.

O professor do Insper, Thomas Conti, apontou em sua conta do Twitter, neste sábado (27), vários trechos do trabalho de Decotelli similares aos de um documento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) do Banrisul.

Decotelli classificou as acusações como "ilações". "O ministro refuta as alegações de dolo, informa que o trabalho foi aprovado pela instituição de ensino e que procurou creditar todos os pesquisadores e autores que serviram de referência e cujo conhecimento contribuiu sobremaneira para enriquecer seu trabalho", diz.

"O ministro destaca que, caso tenha cometido quaisquer omissões, estas se deveram a falhas técnicas ou metodológicas. Informa também que, ainda assim, por respeito ao direito intelectual dos autores e pesquisadores citados, revisará seu trabalho e que, caso sejam identificadas omissões, procurará viabilizar junto à FGV uma solução para promover as devidas correções", acrescenta.

FGV vai investigar

Em nota, a FGV informou que vai investigar a suspeita de plágio. "A Fundação Getúlio Vargas vai apurar os fatos referentes à denúncia de plágio na dissertação do Ministro Carlos Alberto Decotelli. A FGV está localizando o professor orientador da dissertação para que ele possa prestar informações acerca do assunto", informou a instituição de ensino.

Dependendo do que for apurado, e se for mesmo constatado o plágio, o ministro Decatelli perderá seu título. E sem o título de mestre, seu suposto doutorado também ficaria em xeque.

“Aparentemente o novo ministro da Educação incorreu no tipo de plágio parcial, que apesar de sua parcialidade, poderia ser motivo de anulação do seu título de mestre pela FGV, caso alguém de dentro ou de fora da instituição decida solicitar uma apuração formal do caso”, afirmou o professor e pesquisador da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Marcos Pedlowski.

Pós-doutorado

Além disso, Decotelli afirma não dizer em nenhum momento possuir pós-doutorado na universidade alemã Wuppertal, como mencionado em seu currículo referente ao período de 2015 a 2017. Ele diz que registrou um trabalho apoiado pela universidade em 2017, mas ressalta agora que "não recebeu títulos em decorrência desta pesquisa".

No Brasil, em geral, pós-doutorado não é considerado um título, mas exige conclusão de doutorado.

No documento, Decotelli alega que cursou inicialmente o doutorado em Administração na Universidade de Rosário, na Argentina, de 2 de outubro de 2007 a 7 de fevereiro de 2009. Ele foi aprovado em todas as disciplinas, mas não teve a defesa da tese de doutorado autorizada.

"Seria necessário, então, alterar a tese e submetê-la novamente à banca. Contudo, fruto de compromissos no Brasil e, principalmente, do esgotamento dos recursos financeiros pessoais, o ministro viu-se compelido a tomar a difícil decisão de regressar ao país sem o título de Doutor em Administração", diz a nota sobre o período do ministro da Universidade de Rosário.

Apesar de admitir que não recebeu o título, até assumir o cargo de ministro Decotelli mantinha a formação no currículo. A informação acabou questionada publicamente pelo reitor da universidade, Franco Bartolacci.

Com informações da RBA e do Estadão