O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou a carteirada que o desembargador Eduardo Almeida Prado Rocha de Siqueira, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), tentou aplicar no guarda municipal de Santos, Cícero Hilário Neto.
"A autoridade na rua é o guarda, não o desembargador", disse o ministro, em entrevista ao UOL. "Somos autoridades no tribunal, com a capa nas costas. Na rua, somos cidadãos", continuou.
O ministro também compartilhou uma história sobre o dia que foi parado por um guarda de trânsito, há cerca de um ano. Ele retornava de um show com a esposa, a desembargadora Sandra De Santis Mendes de Farias Mello, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF).
"Fomos parados por uma patrulha de trânsito, na entrada da minha quadra. O guarda me reconheceu. Disse: 'Ministro, o senhor me perdoe, mas poderia me passar os seus documentos?' Atendi imediatamente. Não me ocorreu dar nenhuma carteirada. Ali, eu era um cidadão. A autoridade era o guarda de trânsito", contou.
Um vídeo que circulou nas redes sociais no último fim de semana mostra o desembargador humilhando o guarda municipal de Santos e rasgando uma multa que recebeu por não usar a máscara de proteção ao coronavírus. Além de chamar o policial de analfabeto, Siqueira também tentou dar uma “carteirada” ao ligar para o secretário municipal de Segurança Pública, Sérgio Del Bel.