Deputado que viralizou tag #600peloBrasil diz que Congresso vai manter auxílio integral

"Quando o tema é sobrevivência não há nada que justifique a diminuição do auxílio em um momento tão crucial", defendeu o André Janones

André Janones (Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados)
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"Não acredito que os parlamentares terão coragem de se levantar contra a vontade da grande maioria da população. É uma necessidade", foi o que disse o deputado federal André Janones (Avante-MG), autor da campanha #600peloBrasil, ao ser questionado sobre o que espera após a grande repercussão de live em que defendeu a manutenção do auxílio emergencial no valor de R$600, contrariando uma Medida Provisória do presidente Jair Bolsonaro que pretende derrubar o benefício para R$300.

Eleito em 2018 com 178.660 votos, o parlamentar consegue mobilizar multidões nas redes sociais. A defesa do auxílio emergencial, inclusive, fez com que o parlamentar aumentasse – e muito – sua participação nas redes já em abril. Segundo dados do blog do Jamildo, do portal Uol, o deputado foi o que mais cresceu durante o mês de maio por conta da defesa do auxílio e pulou de 16º para 9º parlamentar mais influente.

Na terça, o parlamentar teve um enorme engajamento em publicação no Facebook, que se tornou a mais compartilhada na rede social no mundo ocidental. Segundo o jornalista de dados Fábio Malini, a plataforma CrowdTangle mostra o gigantesco alcance da campanha #600peloBrasil.

Em entrevista concedida à Fórum, o deputado rejeitou o rótulo de "influente" e disse que busca dialogar com o povo. "Ser influente é muito relativo. Hoje existe uma falsa polarização entre direita e esquerda, que não é real. A grande maioria do povo está preocupada com colocar comida na mesa, sustentar a família. E eu busco falar com esse povo", declarou.

"O Brasil real não tem tempo para ficar na rede social para ficar batendo ou defendendo o presidente Bolsonaro. Ele não tem tempo para ficar batendo ou defendendo o ex-presidente Lula", completou o deputado, que já foi classificado como "porta-voz" da Greve dos Caminhoneiros em 2018 - apesar de não ser motorista de caminhão e afirmar que não possui um vínculo direto com o movimento.

Janones crê que a mobilização recente, sobre o auxílio, já impactou lideranças políticas e pode culminar na revisão da MP - ainda não enviada ao Congresso. "Acredito sim que os parlamentares vão votar pela continuidade do benefício no valor integral. A gente percebe a participação maior do povo nesse assunto. É uma pauta que é do interesse do povo. Não é da esquerda, da direita, é do povo que tem que trabalhar para botar comida na mesa", afirmou.

Para o parlamentar, R$600 "é um valor bem sensato". "A gente tem aí várias pesquisas que mostram que a maioria da população tem usado esse auxílio para comprar comida. A gente está falando de sobrevivência. Quando o tema é sobrevivência não há nada que justifique a diminuição do auxílio em um momento tão crucial. Acho difícil as pessoas se manterem com um valor inferior a isso", declarou.

O parlamentar evitou criticar diretamente Bolsonaro e a equipe econômica do governo quando questionado sobre as declarações de que a manutenção do benefício poderia supostamente "quebrar" o Brasil, mas deu seu recado. "A sensação que passa é que alguns não entenderam o significado de uma pandemia. Eu acho que o discurso de austeridade fiscal é muito bem-vindo, mas eu questiono o momento. Agora é garantir que cada brasileiro consiga sobreviver. A meta é sair vivo dessa pandemia", disse ele.

"Ainda que a gente saia com um endividamento de 5, 10 anos, vai ter valido a pena. Não se pode admitir que a gente sacrifique a geração atual para salvar as próximas. A gente tem que se preocupar com o Brasil de hoje", finalizou.