Bolsonaro ignora caos em Manaus e defende trabalho de Pazuello: “tremendo gestor”

Apesar dos elogios do presidente, general que comanda o Ministério da Saúde é investigado pela Justiça Federal do Amazonas e também pelo STF, por sua responsabilidade pelo colapso dos hospitais no Norte do país

O ministro da Saúde Eduardo Pazuello e Jair Bolsonaro (Reprodução)
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O trabalho de Eduardo Pazuello como ministro da Saúde, especialmente devido ao colapso hospitalar registrado em vários estados da Região Norte do Brasil, tem sido alvo de críticas e denúncias na Justiça, mas para o presidente Jair Bolsonaro, o general está fazendo “um trabalho excepcional” na pasta.

O presidente reagiu aos questionamentos da imprensa sobre a situação do general, que está sendo investigado pelo Ministério Público Federal do Amazonas e também pelo STF (Supremo Tribunal Federal) sobre suas possíveis responsabilidades na crise de saúde que começou em Manaus, mas já atinge também outras regiões do Amazonas, e também os estados de Rondônia, Pará, Roraima, entre outros. Nada disso comove Jair Bolsonaro, que afirmou que Pazuello é “um tremendo gestor”.

“Essa investigação é de pequenos partidos de esquerda que procuram o Supremo para tudo. Pode investigar o Pazuello, que não tem nenhuma omissão. Ele trabalha de domingo a domingo, vira a noite, eu duvido que outra pessoa desse a resposta que ele está dando”, comentou o mandatário.

Bolsonaro também declarou que, para ele, o envio de insumos aos hospitais dos estados da Região Norte do Brasil não responsabilidade do governo federal, e que compete aos governos estaduais adquirir essas provisões.

O STF está apurando se Pazuello se omitiu durante a crise de saúde em Manaus, a partir de informações de que o Ministério da Saúde teria sido alertado, com várias semanas de antecedência, que os hospitais da cidade poderiam ter falta de oxigênio medicinal, e não tomou as medidas necessárias para evitar o colapso, que levou a um aumento importante do número de mortes por covid na capital amazonense.

Bolsonaro também se defendeu dizendo que teria enviado 9 bilhões de reais em recursos para o Amazonas, mas não quis explicar porque, mesmo com esse suposto investimento, os hospitais públicos sofreram com a falta de insumos, e culpou o governo estadual e os governos municipais pelos problemas.

“Não é competência da gente levar oxigênio pra lá. A gente ficou sabendo numa sexta-feira do problema de gás, na segunda ele (Pazuello) estava em Manaus, na quarta já chegou tudo. Usamos a Força Aérea, balsa, logo depois a gente começou a transportar também o pessoal de Manaus que não tinha leitos para outros hospitais da redondeza, em especial hospitais universitários. Ele (Pazuello) faz tudo o que é possível. Agora, uma investigação como essa não tem nada a ver”, reclamou o presidente.