Presidente da OAB-PI tenta barrar ação em que é investigado por acobertar denúncia de assédio; ele nega

Celso Barros Neto é investigado acobertar um suposta caso de assédio sexual cometido pelo presidente da subseção de Parnaíba, Francisco Robson da Silva Aragão. Objetivo seria angariar votos para tentar se reeleger ao cargo na disputa que acontece em novembro

Celso Barros Neto (direita) e Francisco Robson da Silva Aragão (Reprodução)
Escrito en POLÍTICA el

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Piauí, Celso Barros Neto, entrou com pedido de habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça do Estado do Piauí (TJ-PI) para tentar barrar uma investigação policial em que é acusado de acobertar um suposta caso de assédio sexual cometido pelo presidente da subseção de Parnaíba, Francisco Robson da Silva Aragão - que deixou o cargo após repercussão do caso.

Fontes ouvidas pela Fórum afirmam que Barros Neto busca barrar a investigação para atrair apoio dos advogados da subseção para sua reeleição à presidência da regional da ordem. Ainda estão na disputa, que acontece em novembro, os advogados Raimundo Júnior, Nara Leticia e Carlos Henrique.

O suposto assédio teria ocorrido em 2019 contra uma advogada que ocupava o cargo de secretária-geral da subseção e depois uma estagiária. Em agosto, a Polícia Civil teria comprovado crimes de assédio secual, difamação e injúria, que foi aceito pela Justiça.

Um mês antes, em junho de 2020, Élida Fabrícia Franklin, ouvidora da OAB-PI, fez uma acareação entre o suposto assediador e a vítima. A ata, no entanto, não teria sido fornecida pela OAB à polícia.

Na investigação, Élida teria dito que a reunião foi informal e não houve registro em ata. Já Celso Barros teria dito à polícia que a ata constava no processo disciplinar interno na OAB-PI contra o presidente da subseção de Parnaíba.

A polícia desconfia dos motivos que levaram o presidente da OAB-PI e da ouvidora da ordem terem se contradito e acredita que a ouvidora possa ter mentido sobre a "informalidade" da acareação.

Por esses motivos, os dois respondem ao inquérito que Celso Barros quer barrar na Justiça. O presidente da OAB é acusado de falsidade ideológica e desobediência, enquanto a ouvidora responde por falso testemunho.

A Fórum entrou em contato com a assessoria da OAB-PI, que encaminhou o seguinte retorno, assinado por Celso Barros:

Em relação a matéria divulgada pela Revista Fórum informo que:

1) Não existe HC, conforme divulgado na matéria, pois não interpus qualquer medida judicial pois não sou réu em qualquer ação;

2) Na OAB quem realiza apuração de supostas infrações éticas e disciplinares é o Tribunal de Ética e Disciplina da OAB e o Conselho Pleno da OAB, os quais são independentes;

3) Os processos disciplinares da OAB são sigilosos;

4) O acesso a qualquer processo disciplinar requer autorização judicial, a qual, até o instante, não existe;

4) Defendo que o TED e o Conselho Pleno da OAB façam a apuração necessária com independência, assim como sempre se portou.

Temas