Fujão: Guedes vai para os EUA na semana em que deveria explicar offshore à Câmara

Convocação do ministro para prestar esclarecimentos sobre dinheiro que mantém em paraíso fiscal havia sido aprovada por ampla maioria na Câmara e depoimento estava previsto para quarta-feira (13)

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, resolveu fugir dos esclarecimentos que deveria prestar à Câmara dos Deputados, em meio ao escândalo dos Pandora Papers sobre offshores em paraíso fiscal, e resolveu viajar para os Estados Unidos nesta segunda-feira (11).

Guedes embarcou para o país da América do Norte para participar da Reunião Anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. Com ele, viajou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também citado como um dos donos de investimentos milionários no exterior. A previsão é que ambos retornem ao Brasil na próxima sexta-feira (15).

Desta maneira, Guedes não comparecerá à Câmara para o depoimento que estava previsto para acontecer na quarta-feira (13).

"Ministro da Economia viaja para os EUA e não deverá comparecer ao plenário da Câmara para esclarecimentos sobre sua conta secreta no paraíso fiscal. É um fujão, mas ele pode tirar o cavalinho da chuva: vai ter que depor de qualquer jeito", reagiu o deputado federal Rogério Correia (PT-MG).

Convocação aprovada por ampla maioria

Câmara dos Deputados aprovou na última semana, por ampla maioria, convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes, para que ele explique ao plenário da Casa as revelações de que possui conta offshore milionária em paraíso fiscal. Foram 310 a favor e 142 contrários.

Segundo revelação feita na série Pandora Papers, investigação conduzida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), o ministro da Economia possui movimentações financeiras através de offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal no Caribe. Offshore é o termo usado para se referir empresas e contas bancárias abertas em territórios onde há menor tributação.

As denúncias contra Guedes apontam que ele pode ter lucrado R$ 14 milhões com a valorização do dólar, somente durante o seu mandato à frente da pasta. A Lei de Conflito de Interesses proíbe esse tipo de comportamento. Se o ministro fez investimentos internacionais por meio de sua empresa enquanto já estava no cargo, cometeu crime.