Fala de Bolsonaro sobre Enem ter a “cara do governo” reforça convocação de Milton Ribeiro na Câmara

“A frase do presidente é uma assinatura de culpa, a prova que eles não têm a menor noção. O presidente comprovou o que estamos denunciando há meses”, disse o deputado Israel Batista

Jair Bolsonaro e Milton Ribeiro, ministro da Educação (Reprodução)
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O ministro da Educação, Milton Ribeiro, será convocado para depor na comissão de Educação da Câmara dos Deputados para dar explicações sobre a debandada de servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Texeira (Inep), responsável por cuidar das provas do Enem e do Enade.

O requerimento, que deve ser votado nesta terça-feira (16) na comissão, havia sido pedido por mais de três parlamentares na semana passada, mas ganhou força com as denúncias trazidas à tona pelo Fantástico e pela declaração dada nesta segunda-feira pelo presidente Jair Bolsonaro. Em Dubai, ele disse que as questões do Enem agora "começam a ter a cara do governo". 

O deputado Israel Batista (PV-DF), presidente da Frente Mista da Educação e um dos parlamentares que pediu a convocação de Ribeiro, afirmou que “a frase do presidente é uma assinatura de culpa, a prova que eles não têm a menor noção. O presidente comprovou o que estamos denunciando há meses, que há interferência política na prova do Enem”, disse “Não é papel do Enem ter cara de governo A ou B. A prova é uma política de Estado”, completou.

O líder da oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), afirmou que “quando Bolsonaro interfere politicamente em uma prova como o Enem, coloca em risco a qualidade do exame e o futuro de nosso país. Nós, da oposição, vamos propor a convocação dele”.

Interferência política

Servidores do Ministério da Educação relataram ao Fantástico, da Rede Globo, neste domingo, que as tentativas de interferência política por parte da direção durante a elaboração das provas do Enem, que serão realizadas nos dias 21 e 28 de novembro. Também contaram sobre situações de intimidação e "despreparo" da entidade. Os denunciantes fazem parte do grupo de 37 servidores do Inep que pediram exoneração do cargo na última semana, alegando "fragilidade técnica e administração da atual gestão máxima do Inep".

Vistoriar as provas

O ministro foi convidado a ir à Câmara em junho para explicar a fala de que ele pretendia ter acesso prévio à prova do ENEM para vistoriar se havia questões consideradas de cunho ideológico. Ribeiro afirmou na audiência que "abriu mão" da ideia por entender que havia uma "governança estabelecida pelo próprio Inep" que garantia uma "prova técnica" e que de maneira alguma teria acesso.

Com informações do Globo