Crime contra o Enem: Cristina Serra detona atuação de Bolsonaro na educação

Em artigo na Folha, Cristina Serra critica "projeto de demolição de esperanças" conduzido pelo governo Bolsonaro

Jair Bolsonaro e o ministro da Educação, Milton Ribeiro (Reprodução)Créditos: Reprodução/Twitter Milton Ribeiro
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Em artigo publicado na edição impressa da Folha de S. Paulo deste sábado (20), a colunista Cristina Serra criticou duramente a atuação do governo de Jair Bolsonaro na educação e acusou o governo de cometer crime contra o Enem. O Inep, instituto responsável pela prova, vive uma crise sem precedentes diante das revelações de intervenções do governo no conteúdo da prova.

"O que acontece com o Enem não é um acidente isolado. Faz parte de um projeto de demolição de esperanças, claramente expresso pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro: 'Universidade, na verdade, deveria ser para poucos'. Entre esses poucos não está o filho do porteiro, completaria Paulo Guedes", diz Cristina Serra em artigo publicado na Folha.

"Políticas articuladas e complementares, como o Enem, o Prouni, o Sisu, o Fies e as cotas (sociais e raciais), permitem uma seleção mais justa para as vagas e dão aos alunos condições para que possam concluir sua graduação. Isso transformou as universidades, deixou-as mais parecidas com a cara do Brasil. Não é outro o motivo pelo qual o bolsonarismo trata de dilapidar esse conjunto de iniciativas e, junto com ele, as aspirações de tantos rapazes e moças que têm na formação superior uma chance de ascensão social", afirma.

A jornalista aponta ainda que "o crime contra a educação extrapola o Enem" e destaca a destruição do ensino básico. No entanto, Serra faz um apelo para que os jovens não desistam dos sonhos que o governo Bolsonaro tenta acabar.

Crise no Enem

O Enem vive uma crise nos últimos dias, principalmente após um desligamento em série de 37 servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) depois do pedido de exoneração do coordenador-geral de exames para certificação, Eduardo Carvalho Sousa, e do coordenador-geral de logística da aplicação, Hélio Junior Rocha Morais.

Servidores do órgão responsável pelo exame afirmaram em reportagem ao “Fantástico” que sofreram pressão psicológica e vigilância velada na formulação do Enem 2021 para que evitassem escolher questões polêmicas que eventualmente incomodariam o governo Bolsonaro.

Segundo eles, houve tentativas de interferência no conteúdo das provas, situações de intimidação e despreparo do presidente do órgão, Danilo Dupas. O foco principal dessa intervenção seria as questões de história recente, em especial sobre a ditadura militar. Parlamentares de oposição solicitaram o afastamento de Dupas.

Durante viagem internacional aos Emirados Árabes, o presidente Jair Bolsonaro sinalizou que teria interferido no Enem. para que a prova tivesse “a cara do governo”.