África do Sul ignora e Bolsonaro retira indicação de Crivella para embaixada

Nomeação de Crivella por Bolsonaro fazia parte de estratégia de Edir Macedo para recuperar poder após rebelião de bispos em Angola e na África do Sul

Sylvia Jane, Crivella e Bolsonaro no Palácio da Cidade - Divulgação
Escrito en POLÍTICA el

A resistência da África do Sul em aceitar o bispo Marcelo Crivella, ex-ministro e ex-prefeito do Rio de Janeiro, como embaixador, fez o presidente Jair Bolsonaro recuar na indicação. A ida de Crivella para a Embaixada do Brasil no país fazia parte de uma estratégia do bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, de tentar frear a rebelião de bispos africanos contra seu domínio.

O pedido de nomeação de Crivella foi retirado cerca de seis meses após a solicitação ser feita à África do Sul. Com a falta do aval dos sul-africanos durante esses seis meses, ficou claro que tal aceitação não ocorreria, o que fez o presidente ser obrigado a voltar atrás.

O Brasil ainda não definiu quem será o substituto de Crivella na representação diplomática.

A nomeação do bispo para a Embaixada fazia parte de uma estratégia que tinha como objetivo frear a mobilização de pastores contra o domínio de Edir Macedo, líder da Universal e tio de Crivella. Bispos e pastores sul-africanos iniciaram um movimento de revolta contra a direção brasileira da igreja no início deste ano.

A direção brasileira da Igreja Universal do Reino de Deus em África do Sul é acusada de lavagem de dinheiro, racismo e imposição de vasectomia aos pastores, semelhante ao que se deu em Angola. Os dissidentes da Universal sul-africana fundaram a Vision Trust Foundation. Esse movimento está sendo chamado de “A Reforma”.

No fim de 2020, Edir Macedo perdeu o controle da Universal de Angola em um movimento muito parecido, comandado por Valente Luís. Após a insurreição, em junho, os bispos angolanos assumiram o controle de 35 templos da Universal em Luanda e cerca de 50 em outras províncias do país, como Lunda-Norte, Huambo, Benguela, Malanje e Cafunfo. O governo de Angola respaldou a rebelião.

Problemas judiciais de Crivella

Crivella foi preso em dezembro do ano passado acusado de associação criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva. Em fevereiro deste ano a sua prisão foi revogada e seu passaporte foi devolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em agosto. O processo tramita na Justiça Eleitoral.

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar