Filha de Ricardo Barros tem cargo de R$ 10 mil em estatal com contratos assinados pelo pai

Ela foi nomeada vinte dias depois do líder do governo Bolsonaro na Câmara deixar o cargo de ministro da Saúde

Ricardo Barros - Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
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Raffaelle Kasprowicz Barros, filha de Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo de Jair Bolsonaro (Sem Partido) na Câmara, ganhou um cargo em uma empresa pública da Bahia que vendia testes ao ministério da Saúde.

Raffaelle Barros foi nomeada para o cargo de assessora especial da presidência da estatal em abril de 2018, cerca de 20 dias depois de seu pai ter deixado o Ministério da Saúde para concorrer à reeleição para deputado federal.

A estatal Bahiafarma, que tinha parceria para a produção e fornecimento de insulina para o ministério da Saúde, tinha ligações com personagens que viraram alvos da CPI da Covid.

A estatal era presidida por Ronaldo Dias, primo de Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Ministério da Saúde no governo Bolsonaro e que foi exonerado após suspeitas de irregularidades na compra de vacinas.

A nomeação de Raffaelle foi assinada pelo então presidente da estatal, Ronaldo Dias.

Ricardo Barros, que atualmente é líder do governo Bolsonaro na Câmara, também foi investigado pela comissão.

Trabalho híbrido

Raffaelle estava em trabalho híbrido no último mês e cumpria jornada de oito horas na Bahiafarma apenas uma vez por semana. Em maio, ela recebeu R$ 10 mil da estatal.

Além do cargo, a filha de Barros tem uma clínica própria, onde atua como nutróloga duas vezes por semana. Também é dona de uma escola particular infantil na capital baiana.

Raffaelle Barros, segundo a própria Bahiafarma, é "responsável pela Farmacovigilância e Serviço de Atendimento ao Usuário da Insulina Humana fornecida ao Ministério da Saúde através de contrato licitado".

O contrato para fornecimento de insulina pela Bahiafarma para o Ministério da Saúde foi assinado durante a própria gestão Barros e no momento está suspenso.

‘Nada a ver com o pai’

Raffaelle Barros afirmou à Folha que sua indicação não tem relação com a gestão de seu pai no ministério:

"Eu sou médica endocrinologista, nutróloga e tenho mestrado em medicina e saúde. Atuei no Cedeba (Centro de Pesquisas de Diabetes do Estado da Bahia) e fui professora da Ufba. Fui selecionada por currículo", diz.

Ela disse também que consegue conciliar suas atividades paralelas com as da Bahiafarma.

Barros, por sua vez, disse através de nota de sua assessoria, que ela foi contratada após sua saída do ministério.

Com informações da Folha