Lira se reúne com Fux em manobra para retomar repasses ao "orçamento secreto"

Ministros do Supremo estariam divididos quanto a votação desta terça-feira (9) que discute o freio imposto por Rosa Weber à manobra abusiva e antidemocrática do presidente da Câmara

Arthur Lira, Luiz Fux e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Rosinei Coutinho/STF
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Em uma manobra para tentar retomar os pagamentos do "orçamento secreto", o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), vai se reunir com o ministro Luiz Fux nesta segunda-feira (8) para discutir a decisão de Rosa Weber.

A ministra atendeu a ações de parlamentares de oposição e suspendeu os repasses de emendas do famigerado “orçamento secreto”, utilizado por Lira para "comprar" apoio de deputados nas pautas do governo Bolsonaro que tramitam no Congresso. A votação ocorre nesta terça-feira (9).

"Lira vai tentar mais uma manobra pra manter o toma-lá-dá-cá! O presidente da Câmara vai se reunir com ministro Luiz Fux para discutir a decisão da ministra Rosa Weber, em ação do PSOL de suspender pagamentos do orçamento secreto. É o desespero pra manter a compra de votos!", escreveu a deputada federal Talíria Petrone (PSOL).

Lira pressiona ministros

Segundo uma reportagem do diário conservador paulista "O Estado de S.Paulo", os ministros do Supremo estariam bem divididos quanto a determinação expedida pela colega e o julgamento sobre o tema, que deve ter resultado bem apertado, ainda que analistas afirmem que a vitória será pela manutenção da decisão de Rosa Weber.

O jornal paulistano afirma que parlamentares interessados nos bilhões que saem das torneiras operadas por Lira têm realizado forte pressão nos magistrados do STF, sempre com o argumento de que decisões do Legislativo não devem ser judicializadas, ainda que neste caso ocorra uma clara manobra ilegal, sem transparência e que nitidamente encarna uma inequívoca compra de votos em troca de apoio ao governo.

Um pedido de vistas, ou de encaminhamento por meio de “destaque” para o plenário presencial do tribunal (a votação de terça-feira será remota) são cenários praticamente descartados pelos especialistas no funcionamento da corte constitucional, uma vez que implicaria numa paralisação sem data definida para retomada diante de um caso que é de urgência para o Executivo federal.

Arthur Lira, diz a matéria, ainda estaria exercendo forte pressão sobre os ministros da corte, admitindo até que o tal “orçamento secreto” realmente é um expediente “pouco transparente”, mas advertindo os magistrados de que o Judiciário não deveria se meter em decisões do Legislativo, um argumento sem sentido diante do absurdo que tem sido sua gestão frente à Câmara, cercada de atos antidemocráticos e que ferem não só o regimento interno do parlamento, mas também as leis.

O fato é que, se a decisão de Rosa Weber de colocar um freio nas malandragens políticas de Lira for mantida pelos colegas do tribunal, o poder do deputado alagoano que virou peça-chave de sustentação do caótico e desastroso governo de Jair Bolsonaro estará bastante reduzido.