Exclusivo: Lula cresce no PR, exceto nas regiões marcadas pelo agronegócio, diz Zeca Dirceu

O deputado acredita que o mesmo desgaste que Bolsonaro enfrenta pelo Brasil acontece no Paraná. “Aqui também há um contingente grande de pessoas passando fome”

O deputado Zeca Dirceu - Foto: Agência PTCréditos: Gabriela Korossy-Agência PT de Notícias
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O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) avalia como muito positivo o cenário no Paraná, em relação às eleições presidenciais de 2022. “O ex-presidente Lula cresce nas pesquisas. Inclusive, a candidatura do ex-juiz Sergio Moro já deve ter colocado Lula na liderança, que, mesmo apertada, vinha sendo ocupada por Jair Bolsonaro (PL)", avalia.

“A exceção são as cidades e regiões marcadas pelo agronegócio, como Cascavel, Maringá, Londrina, Toledo, que ainda têm a liderança com Bolsonaro. Porém, já há praticamente um empate técnico na capital e região metropolitana”, aponta Zeca.

O parlamentar reitera que a candidatura de Moro (Podemos), que é do estado, está tirando votos de Bolsonaro. “Isso acontece nas pesquisas nacionais e deve ter uma escala maior no Paraná. Eu tenho sido informado, por prefeitos, prefeitas e lideranças regionais, de que em muitas pesquisas Lula aparece à frente do Bolsonaro”.

Em sua análise, Zeca Dirceu aponta que os governos do PT e, em especial os governos de Lula, deixaram marcas muito positivas no Paraná.

“O estado ganhou a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), a Universidade Tecnológica Federal. O Paraná ganhou 28 Campus do Instituto Federal, teve grandes obras estruturantes, duplicação e pavimentação de rodovias federais, ampliação de aeroportos, além dos impactos dos programas nacionais da área social, que chegavam ao Paraná”, relembra.

“Hoje, a população do estado sente muita falta. Não se constrói mais escola e creche, não se investe mais no cuidado das unidades básicas de saúde, há retrocessos evidentes nas estruturas de funcionamento do Samu, das Upas e o Minha Casa Minha Vida, que no Paraná foi muito relevante, praticamente não existe mais”, enumera.

Para o deputado, o mesmo desgaste que Bolsonaro enfrenta pelo Brasil acontece no Paraná. “Aqui também há um contingente grande de pessoas passando fome, o desemprego bate recordes desde 2019, antes da pandemia, em especial nas metrópoles, grandes cidades, como Londrina, Curitiba. É muito perceptível a volta da pobreza e da miséria”, diz.

Além disso, segundo Zeca, a condução da pandemia do coronavírus, que levou o Brasil “a esse recorde criminoso e trágico de mortes, também trouxe efeitos aqui no Paraná. Muita gente sabe que seus parentes poderiam ter sido salvos se o governo federal tivesse cumprido sua obrigação”.

O deputado petista destaca que o Paraná apresenta um agravante para Bolsonaro, que são determinadas peculiaridades do estado.

“O governo federal acabou de publicar um edital que piora a já trágica situação dos pedágios. O Paraná tem o pedágio mais caro do mundo. São contratos de 25 anos que acabaram de vencer. As tarifas são exorbitantes e, agora, o governo federal está apresentando um modelo que cria 15 novas praças de pedágio. É claro que isso trouxe desgaste e vai trazer ainda mais”, avalia.

Crescimento da candidatura de Requião facilita caminhada de Lula no estado

Outro detalhe específico do estado mencionado pelo deputado é o crescimento da pré-candidatura de Roberto Requião ao governo paranaense. “Ele é um aliado importante, já foi governador do estado três vezes, senador duas vezes, prefeito da capital. Isso dificulta a vida do Bolsonaro e facilita a caminhada do Lula no estado. O Requião saiu do MDB, está sem partido, foi convidado pelo presidente Lula para se filiar ao PT, mas tanto o PT quanto o Lula o deixaram muito à vontade para escolher, se preferir, outro partido. Da mesma forma, terá nosso apoio”.

Zeca ressalta outro aspecto que joga contra o atual presidente: o desprezo do governo federal pela agricultura familiar e pela reforma agrária.

“O Paraná concentra o maior contingente de agricultores familiares de todo o Brasil e o maior número de acampamentos e assentamentos. O governo federal destruiu o Ministério do Desenvolvimento Agrário, não há mais política de reforma agrária, de industrialização, dos assentamentos, da sua produção. Nessas regiões a gente tem pesquisas que os prefeitos têm feito e a dianteira que o Lula tem em relação ao Bolsonaro é muito grande. É um conjunto de mais ou menos 100 municípios, onde a agricultura familiar é bem forte”, acrescenta Zeca.