Cristiano Zanin: CNMP adiou 42 vezes julgamento do Power Point de Dallagnol

Apesar de todas as vitórias conquistadas neste ano, o advogado de Lula afirma que faltaram duas coisas: as punições de Moro e Dallagnol

O advogado Cristiano Zanin Martins (Rovena Rosa/Agência Brasil)
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Cristiano Zanin, o advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou em entrevista à Carta Capital que ele e seu cliente têm muito o que comemorar neste ano, com as anulações das sentenças e a declaração de incompetência da Justiça Federal de Curitiba.

Estes dois fatos restituíram o ex-presidente à vida pública e o colocaram em primeiro lugar nas pesquisas para as eleições de 2022.

Para Zanin, no entanto, faltaram duas coisas: as punições do ex-juiz Sérgio Moro e do ex-procurador federal Deltan Dallagnol.

De acordo com ele, “ao longo dos últimos anos apontamos uma série de fatos, devidamente comprovados, que configuram desvio na atuação do ex-juiz e do ex-procurador e até mesmo, em tese, a prática de abuso de autoridade, dentre outras ilegalidades, afirmou.

De acordo com ele, “embora todos esses fatos tenham sido levados aos órgãos de controle, em especial ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), esses órgãos deixaram de ter uma atuação mais efetiva como estabelece a Constituição e de aplicar as punições que seriam devidas, tanto ao ex-juiz quanto ao ex-procurador”, alertou.

“No caso mais emblemático, aquele da coletiva do PowerPoint, o CNMP adiou por 42 vezes o julgamento do ex-procurador Deltan Dallagnol e, depois, concluiu que embora ele tivesse cometido um desvio funcional não seria mais possível puni-lo, em razão da prescrição, ou seja, o tempo transcorrido não mais permitiria que ele recebesse uma punição daquele órgão de controle”, disse Zanin.

Delação premiada

Zanin comentou ainda sobre a delação premiada que, para ele, “foi um dos principais instrumentos usados pela Lava Jato para praticar o lawfare e perseguir alvos pré-determinados, tanto pessoas quanto empresas”.

O advogado lembra que a “Lava Jato claramente impôs narrativas a pessoas que tinham praticado crime e ofereceu a elas benefícios generosos desde que aceitassem uma narrativa pré-estabelecida e envolvessem aqueles que a Lava Jato buscava atingir”.

“Não tenho dúvida de que a delação premiada foi um instrumento importante para a prática do lawfare, em especial na Lava Jato, e que é algo que precisa ser melhor disciplinado a fim de que novos abusos e arbitrariedades não sejam cometidos usando esse mesmo instrumento”, afirmou.

Ciro Gomes

O advogado de Lula alertou ainda sobre a operação de busca e apreensão sofrida pelo presidenciável Ciro Gomes (PDT).

“Penso que ainda existe em alguns membros do sistema de Justiça esse lavajatismo”, disse. “Essa operação realizada contra o ex-ministro Ciro Gomes indica isso. Então, ali o que vimos foi uma ação que buscou criar, perante a opinião pública, uma ação espetaculosa, relacionada a supostos fatos ocorridos há muitos anos, o que não tem qualquer justificativa”, encerrou.

Com informações da Carta Capital