Em queda livre, Bolsonaro usará Bolsa Família para pagar Auxílio Brasil até sexta, via MP

Frente ao derretimento de sua popularidade, presidente age com pressa e texto da Medida Provisória deve permitir que governo use saldo remanescente do Bolsa Família para pagar R$ 400 a famílias pobres ainda essa semana

Foto:Jair Bolsonaro (Circuito MT/Reprodução)
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A rede de TV CNN Brasil informa que o governo de Jair Bolsonaro deve editar uma Medida Provisória (MP) que permita usar o saldo remanescente do Bolso Família para pagar a primeira parcela de R$ 400 do Auxílio Brasil a famílias pobres até a próxima sexta-feira (10).

O malabarismo, que permitirá ao Ministério da Cidadania utilizar valores de um programa social que já existe, remanejando-os apenas para o novo programa e antecipando com urgência o pagamento da primeira parcela do benefício social, é mais um indício do desespero que se abate sobre o presidente extremista de direita, que frente ao derretimento de sua popularidade, ameaçado nas pesquisas eleitorais até pelo ex-juiz Sergio Moro, tenta a todo custo liberar dinheiro a toque de caixa para as frações mais empobrecidas da população, justamente as que mais sofreram com o retorno da miséria em larga escala trazida por sua gestão.

O valor que sobrou dos pagamentos do Bolsa Família é de R$ 6,1 bilhões e seria o suficiente para garantir R$ 400 a 14,6 milhões de família. Para as demais parcelas, o Planalto conta com o avanço da PEC dos Precatórios, que por meio de um calote permitirá a abertura de um espaço fiscal de até R$ 106 bilhões, um colosso orçamentário que estará à disposição de Bolsonaro para tentar conquistar votos em 2022.

Com as alterações feitas pelo Senado no texto original da Proposta de Emenda Constitucional dos Precatórios, uma sensação geral de incerteza ficou no ar para o governo federal, já que será necessária uma nova votação da matéria na Câmara e a ideia do presidente da casa, Arthur Lira, de promulgar apenas o que interessa ao presidente da República, a tal “promulgação fatiada”, não foi bem recebida pelos senadores, que se sentiram desrespeitados.

Confirmando-se a edição da MP no Diário Oficial de terça-feira (7), Jair Bolsonaro terá encontrado uma solução provisória ao menos para o pagamento da primeira parcela do Auxílio Brasil, mas seguirá tendo problemas para viabilizar a gastança de dinheiro público que ele entende ser seu último recurso na tentativa de recuperar popularidade.