Acordo de Lira com Pacheco confirma "promulgação fatiada" da PEC dos Precatórios"

Trechos que foram aprovados na Câmara e no Senado devem valer a partir de quarta (8), enquanto as partes alteradas por senadores para tornar o calote "menos ruim" precisará passar por nova votação, possivelmente na próxima terça (14)

Foto: Arthur Lira, presidente da Câmara, e Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, assinam documento no Congresso (Agência Senado)
Escrito en POLÍTICA el

Os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), respectivamente, fecharam um acordo na noite desta terça-feira (7) e concretizaram a "promulgação fatiada" da PEC dos Precatórios.

A manobra consiste em promulgar já na quarta (8) os trechos do texto da Emenda Constitucional aprovados em comum pelas duas casas e deixar de fora as partes alteradas no Senado para tornar o calote "menos ruim", já que elas precisam passar por nova votação na Câmara, que segundo o acordo, deve acontecer na próxima terça-feira (14).

Quem primeiro teve a ideia de impor a "malandragem" foi Lira, que a todo custo quer encerrar a matéria para ajudar o presidente Jair Bolsonaro a sair das cordas por conta do esfacelamento de sua popularidade. O calote previsto na PEC abrirá um espaço fiscal de R$ 106 bilhões que poderão ser usados pelo Planalto para pagar o eleitoreiro Auxílio Brasil, o programa provisório concebido pelo líder extremista que pretende dar R$ 400 a 17 milhões de famílias durante o ano eleitoral de 2022.

As mudanças promovidas pelos senadores que tornaram a PEC dos Precatórios "menos ruim", vistas pelos bolsonaristas como "amarras" que não permitiriam ao presidente agir como bem entendesse com o colossal orçamento extra, serão anexadas a uma outra PEC que tramita no Congressos desde 2012.

"Ao se promulgar a parte comum da PEC amanhã (8) e tendo o compromisso da Câmara de apreciar as alterações na terça-feira, eu considero que está resolvido", disse Pacheco, que certamente teve, e terá, problemas por conta do acordo, já que senadores ficaram furiosos com a ideia de Lira, vista por eles como um desrespeito e uma afronta ao poder do Senado da República.

Enquanto isso, o homem que chefia a Câmara e é aliado de primeira hora de Jair Bolsonaro justificou o acordo com a promessa de que as alterações promovidas pelos senadores serão respeitadas e votadas pelos deputados, ainda que num outro contexto.

"A decisão consensuada é de promulgar o texto comum e todo o texto divergente, com inovações de texto que o Senado colocou. Iremos apensar a uma PEC pronta para o plenário, e arrumarmos", argumentou Lira.