Em entrevista de mais de 13 horas ao diretor do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), Celso Castro, da Fundação Getúlio Vargas, o General Eduardo Villas Boas faz uma série de revelações sobre seu viés político e mostra um tom negacionista conservador ao falar sobre assuntos relacionados à identidade de gênero, racismo e preservação ambiental, flertando com o estilo de Jair Bolsonaro.
"Quanto mais igualdade de gênero, mais cresce o feminicídio; quanto mais se combate a discriminação racial, mais ela se intensifica; quanto maior o ambientalismo, mais se agride o meio ambiente", disse o militar, segundo o jornalista Fabio Victor, que divulgou trechos da entrevista, publicada no livro General Villas Bôas: conversa com o comandante, em sua página no Twitter.
O general ainda garante que nunca fala sobre a conversa que teve com Bolsonaro, que já declarou que o militar foi um dos responsáveis pela sua eleição: "o que a gente conversou morrerá entre nós", diz Villas Boas, "garanto que não foi um tema de caráter conspiratório".
O militar ainda credita a vitória eleitoral de Bolsonaro ao "cansaço", por parte da população, do "politicamente correto". "A Globo, o reino do politicamente correto, foi o mais importante cabo eleitoral do presidente eleito".
Villas Boas ainda confirma que o tuíte contra libertação de Lula em 2018 foi decisão do Comando do Exército. "Sentimos que a coisa poderia fugir ao nosso controle se eu não me expressasse. Recebidas as sugestões, elaboramos o texto final, o que nos tomou todo o expediente, até por volta das 20 horas", afirmou ele, sempre no plural.