Mensagens de Deltan mostram que FBI teria atuado em operação do Triplex do Guarujá

"Se FBI entender desnecessário e houver decisão judicial, eu não teria receios em compartilhar…", escreveu o procurador em 2015, conforme aponta nova reportagem da Vaza Jato

Deltan Dallagnol - Foto: Reprodução/MPF
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Novas mensagens obtidas pela Vaza Jato divulgadas nesta sexta-feira (12) pela Agência Pública em parceria com o The Intercept Brasil mostram que o procurador Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Força-Tarefa da Operação Lava Jato do Ministério Público Federal (MPF) de Curitiba, teria autorizado o compartilhamento de dados da força-tarefa com o Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos (FBI)

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A reportagem de Natalia Viana e Rafael Moro Martins destrincha diálogos mantidos por Deltan Dallagnol com procuradores entre dezembro e janeiro de 2015 que tratam sobre uma cooperação com o FBI que acontecia por fora dos trâmites convencionais. Entre as operações compartilhadas está ado Triplex do Edifício Solaris, do Guarujá, atribuído pela Lava Jato ao ex-presidente Lula.

"URGENTE: Delta, desculpe de incomodar neste horário! É uma questão de COPIN com os EUA. É o seguinte: naquele caso do escritório de offshores, a PF pediu (hoje, no final da tarde) para compartilharmos provas com o FBI e o Juízo pediu para manifestarmos até amanhã na hora do almoço (para decidir antes do recesso). O caminho é uma manifestação simples e, com o deferimento do Juízo, formalizamos via autoridade central ou podemos prescindir desta e, depois da decisão judicial, já passar direto (PF para FBI). Ou devemos, antes da decisão do Juízo, fazer uma manifestação mais formal, enquadrada no MLAT?", escreveu o procurador Julio Noronha em 17 de dezembro de 2015.

Dallagnol, então, diz que o compartilhamento pode ser policial e que a necessidade ou não de MLAT (Tratado de Assistência Jurídica Mútua) dependia apenas dos Estados Unidos. "Se FBI entender desnecessário e houver decisão judicial, eu não teria receios em compartilhar…", completou.

A decisão judicial partiu do ex-juiz federal Sérgio Moro.

Conforme aponta a Agência Pública, a operação compartilhada com o FBI tinha como objetivo descobrir se a Mossack Fonseca abriu offshores para esconder apartamentos da Bancoop e se o empreendimento teria sido “utilizado pela empreiteira para repassar vantagens indevidas a agentes envolvidos no esquema criminoso da Petrobras”. O alvo disso seria Lula.

Foi nessa operação que a Polícia Federal encontrou um contrato de adesão assinado pela ex-primeira-dama Marisa Letícia sobre um dos apartamentos do edifício Solaris. Esse documento foi bastante explorado pela Lava Jato. A defesa alega que Marisa e Lula teriam desistido da compra e nunca usufruíram do espaço.

CONFIRA A REPORTAGEM COMPLETA NA AGÊNCIA PÚBLICA