Quem é Alexandre Luiz Giordano, que vai assumir vaga de Major Olímpio no Senado

Em 2019, o empresário se envolveu em uma polêmica que quase gerou o impeachment do presidente do Paraguai

Giordano e Major Olímpio (Arquivo)
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Com a confirmação da morte do senador Major Olímpio (PSL-SP) nesta quinta-feira (18) em decorrência da Covid-19, o Senado Federal convive com o terceiro óbito de um parlamentar durante a pandemia e, com isso, a chegada de mais um desconhecido suplente para o parlamento.

Alexandre Luiz Giordano (PSL-SP), ou apenas Giordano, é quem assume as funções de Olímpio e se junta a Carlos Portinho (PL-RJ) e Nilda Gondim (MDB-PB) no grupo de senadores que chegaram após mortes por Covid. Gondim assumiu o posto deixado por José Maranhão (MDB-PB) e Portinho, o de Arolde de Olveira (PSD-RJ).

Reportagem de 2019 publicada pelas jornalistas Anna Beatriz Anjos, Bruno Fonseca e Rute Pina, na Agência Pública, detalhas as polêmicas do novo senador, apontado como uma pessoa discreta e que gosta de trabalhar nos bastidores por não possuir boa oratória "nem afinidade com falas públicas”, segundo pessoas próximas ouvidas pela reportagem. Mas, apesar da timidez, o agora parlamentar tem gosto pela ostentação.

Itaipugate

O nome de Giordano ficou mais famoso no Paraguai do que no Brasil nos últimos anos. O empresário esteve envolvido em no escândalo do acordo secreto do país vizinho com o Brasil sobre a usina hidrelétrica binacional de Itaipu, que beneficiaria empresa ligada ao clã Bolsonaro. RELEMBRE AQUI O CASO.

Giordano teria negociado o contrato junto aos sócios da empresa Léros. Ele foi ao menos três vezes ao país em 2019. Giordano esteve junto ao empresário Kléber Ferreira em praticamente todas as negociações com o governo do Paraguai sobre as cláusulas da Usina hidrelétrica binacional. Reportagens da imprensa paraguaia revelaram conversas via WhatsApp de autoridades paraguaias falando em negócios privilegiados para a Léros por indicação de Alexandre Giordano e citam que família Bolsonaro estava por trás da empresa.

No acordo entre a Léros e o governo paraguaio, um dos termos – classificado pela mídia paraguaia como item 6 – teria sido excluído para beneficiar a empresa brasileira, do setor de energia. O “item 6” estava no projeto original do acordo e dizia que a Administración Nacional de Electricidad (ANDE), do Paraguai, poderia comercializar energia excedente no mercado brasileiro, afetando os negócios da Léros. Técnicos da estatal paraguaia Ande reclamam não ter participado das reuniões que decidiram o acordo, beneficiando apenas o comércio brasileiro.

Na ocasião, ele disse ao jornalista Sérgio Roxo, da Época o seguinte: "Não sou político, sou empresário. Não vivo disso. Estou nessa polêmica à toa”.

O presidente Mario Abdo Benítez quase sofreu impeachment em razão do escândalo, mas acabou sendo salvo por um acordão - similar ao que foi acertado na última quarta-feira (18), quando Marito se livrou de seu segundo "juicio político".

O novo senador, que atua no ramo dos resíduos, ainda coleciona processos na Justiça. Em um deles, um pedreiro denuncia o parlamentar por não ter pago o serviço. Ele também já foi alvo de reintegrações de posse por ocupar irregularmente um terreno vizinho.

Quando questionado pela Agência Pública sobre os negócios do suplente, Olímpio disse o seguinte: “Eu sei que ele trabalha fazendo estruturas metálicas para poste, com lixo e esses ‘trecos’ todos. Mas não sou sócio dos negócios dele e ele não é sócio do meu mandato. Ele só vai ser senador se eu morrer ou renunciar; e eu não estou pretendendo nenhuma das duas coisas”. Giordano teria sido escolhido para a suplência por ter prometido ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) a ajudar a estruturar a legenda.

O segundo suplente da chapa é o astronauta Marcos Pontes, ministro da Ciência e Tecnologia.