Eduardo Bolsonaro ameaça governador Rui Costa após surto que resultou em morte de PM na BA: "Sistema ditatorial vai mudar"

Fernanda Melchionna, líder do PSOL na CCJ, anunciou ação contra a bolsonarista Bia Kicis, presidente da comissão: "Utilizou o fato de um PM em surto ser morto ao atacar colegas a tiros na Bahia para faturar politicamente com a tragédia"

Eduardo Bolsonaro (Reprodução/Twitter)
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Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi às redes sociais na manhã deste domingo (29) e fez ameaça velada ao governador Rui Costa (PT), da Bahia, após o soldado Wesley Soares Góes ser neutralizado por atirar contra o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), no início da noite deste domingo (28), depois de 3h30 de negociação.

No Twitter, o filho de Jair Bolsonaro disse que "esse sistema ditadorial vai mudar" compartilhando um vídeo em que o policial, em surto psicótico, dispara para o alto e diz: "eu não vou deixar, não vou permitir, que violem a dignidade humana de um trabalhador", em crítica às medidas de isolamento social decretadas no estado para contenção do coronavírus.

https://twitter.com/BolsonaroSP/status/1376501984216416264

"Estão brincando de democracia achando que o povo é otário. Que Deus conforte os familiares do PM-BA", tuitou Eduardo Bolsonaro, fazendo uso político da morte do PM, que foi neutralizado após abrir contagem e atirar contra colegas mediavam a negociação (veja vídeo aqui).

Bolsonaristas
Buscando construir uma narrativa fake para atacar o governador do estado, alvo de críticas recorrentes do presidente, parlamentares bolsonaristas estão pregando um motim das forças policiais no estado.

Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Federal, Bia Kicis (PSL-DF), e o deputado estadual Soldado Prisco (PSC-BA) foram às redes rapidamente incitar o motim, afirmando que Wesley Góes "disse não às ordens ilegais do governador Rui Costa da Bahia".

A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS), coordenadora do partido na CCJ, criticou duramente o discurso da bolsonarista e afirmou que "qualquer condescendência com as atitudes de Bia Kicis é cumplicidade com crimes".

"É inacreditável que a presidente da CCJ, que deveria ser um exemplo de respeito à Constituição, se sinta à vontade para espalhar noticias falsas. Há tempos o PSOL alerta para os efeitos nefastos, para toda a população, do adoecimento mental dos policiais. Bia Kicis utilizou o fato de um PM em surto ser morto ao atacar colegas a tiros na Bahia para faturar politicamente com a tragédia. Anuncio que iremos trabalhar com todas as forças para inviabilizar o funcionamento da CCJ enquanto ela seguir presidida por esta fascista. O limite do bom senso já foi superado há muito tempo e qualquer condescendência com as atitudes de Bia Kicis é cumplicidade com crimes", declarou Fernanda, em nota.

Vice-líder da Minoria na Câmara, o deputado Afonso Florence (PT-BA) repudiou as declarações de Bia Kicis.

“É lamentável que uma deputada federal tente politizar uma tragédia, mas infelizmente não me surpreende. É mais um ataque oportunista e criminoso orquestrado pelo gabinete do ódio em Brasília. Esse discurso de ódio, baseado em mentiras e interesses políticos, tem sido fortalecido por parlamentares que deveriam respeitar o povo e a constituição”, disse o parlamentar.

Desconsiderando o problema de saúde do soldado, Bia Kicis associou o surto às medidas restritivas adotadas na Bahia de combate ao coronavírus, afirmando em suas postagens que "o policial morreu porque se recusou a prender trabalhadores”. O que Florence rebateu veementemente “Se o presidente tivesse feito sua parte e trabalhado para garantir as vacinas, não estaríamos vivendo esta situação de colapso em todo Brasil. Vacina salva vidas e salva a economia".