Em voto, Lewandowski destaca que perícia contraria tese de Moro sobre manipulação de diálogos

"Nem animais para matadouro são levados como foi levado um ex-presidente da República", disse o ministro do STF ao criticar condução coercitiva de Lula

Foto: Nelson Jr./SCO/STF
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O ministro Ricardo Lewandowski deu ênfase na autenticidade das mensagens obtidas através da Operação Spoofing durante a apresentação de seu voto sobre o habeas corpus que aponta a suspeição do ex-juiz federal Sergio Moro no julgamento do ex-presidente Lula. Lewandowski foi o relator do recurso da defesa de Lula que pedia o acesso ao conteúdo da Spoofing.

"Não há como deixar de levar em consideração a espantosa troca de mensagens entre o ex-juiz Sergio Moro com procuradores responsáveis pela investigação e ação penal contra o ex-presidente Lula", disse em trecho de seu voto.

Para Lewandowski esses fatos novos "reforçam a convicção de que a atuação processual do ex-magistrado Sergio Moro caracterizara-se pela subjetividade, parcialidade, motivação política e interesse pessoal, levando à inelutável condenação do paciente [Lula]".

O ministro ainda destaca que perícias atestaram a autenticidade do material, contrariando Moro. "O cuidadoso trabalho pericial infirma a versão veiculada pelo ex-juiz Sergio Moro e pelos procuradores com os quais manteve interlocuação de que a autenticidade das mensagens não poderia ser atestada", disse.

O magistrado afirma que o material garante "plena credibilidade à existência das conversas para combinar estratégias processuais" e que a mensagens servem como "reforço argumentativo do que já se mostrava óbvio: o paciente foi submetido a um verdadeiro simulacro de ação penal cuja nulidade salta os olhos".

Assim como Mendes, o ministro também criticou a condução coercitiva determinada contra Lula: "Nem animais para matadouro são levados como foi levado um ex-presidente da República",

Lewandowski foi o último a proferir voto nessa sessão e deixou o placar empatado. Enquanto ele e Gilmar Mendes foram favoráveis ao HC, Edson Fachin e Cármen Lúcia se opuseram. O ministro Nunes Marques pediu vistas. Outro fator que pode alterar o placar é novo voto anunciado por Cármen Lúcia.

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