"Bolsonarismo se apoia numa espécie de delírio coletivo", diz ex-diretor de comunicação de Mandetta

Autor do livro Guerra à Saúde, Ugo Braga revelou ao Fórum Café que as primeiras estimativas do Ministério da Saúde calculavam em 390 mil os mortos na pandemia caso nada fosse feito

Jair Bolsonaro em motocada em São Paulo (Foto: Isac Nóbrega/PR)
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Diretor de Comunicação do Ministério da Saúde na gestão de de Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), o jornalista Ugo Braga afirmou ao Fórum Café nesta quarta-feira (23) que acredita que os apoiadores de Jair Bolsonaro vivem uma espécie de "delírio coletivo" diante das mentiras e do discurso negacionista propagado pelo presidente em meio à pandemia.

"Eu acredito muito fortemente que o bolsonarismo se apoia numa espécie de delírio coletivo, em que a realidade não os servindo, eles arrumam outra realidade que os sirva e eles trabalham exatamente nisso. Nessa história da pandemia é exatamente isso. Nessa realidade posta, essa que todos nós vivemos, morreram 500 mil pessoas por negligência do governo. Na realidade deles é outra coisa", disse Ugo Braga, que é autor de Guerra à Saúde, livro em que narra em primeira pessoa os últimos dias da gestão Mandetta no Ministério da Saúde.

Segundo ele, as primeiras estimativas feitas pelo infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz, calculavam em 390 mil o número de mortos pela pandemia no Brasil "caso a gente não fizesse nada".

"Ele me disse: 'Se o país não fizer nada. O virus vai chegar, contaminar um monte de gente e depois para. Se a gente adotar esse tipo de comportamento, morrem 390 mil pessoas. Mas como a gente vai lutar, não vai chegar a isso'. […] Hoje nós estamos com mais de 500 mil mortos. O que significa que não só nós não fizemos nada, como fizemos alguma coisa que piorou a situação. Na minha opinião isso é a cloroquina", disse Braga.

Assista à entrevista

https://www.youtube.com/watch?v=nfhZweBJs7k