Luis Miranda diz que prepara dossiê para "acabar com a narrativa de que não existe corrupção"

"Não vão me intimidar e não vou recuar", disse o deputado, que afirma reunir "fatos irrefutáveis" que comprovariam o esquema de corrupção no Ministério da Saúde

Luis Miranda chega na CPI do Genocídio com colete à prova de balas (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
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Sob pressão e sofrendo ameaças desde que revelou um suposto esquema de corrupção do governo Jair Bolsonaro (Sem Partido) na compra de vacinas contra a Covid-19, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) anunciou que prepara um dossiê com "fatos irrefutáveis" que comprovam os crimes no Ministério da Saúde.

"As mentiras só me fizeram investigar ainda mais as corrupções do Ministério da Saúde e um dossiê já está sendo preparado com fatos irrefutáveis para acabar de vez com a narrativa de que não existe corrupção! Não vão me intimidar e não vou recuar!", tuitou Miranda no início da madrugada desta quinta-feira (1º).

https://twitter.com/LuisMirandaUSA/status/1410433614999801856

Em entrevista à revista Crusoé na terça-feira (29), Miranda diz que recebeu oferta de propina milionária para parar de atrapalhar a compra da Covaxin pelo Ministério da Saúde.

Segundo o deputado, no dia 31 de março, ou seja, 11 dias depois de ter se reunido com Bolsonaro, junto com seu irmão, Luis Ricardo Miranda, para alertar o presidente dos indícios de irregularidades no processo de aquisição da vacina indiana, ele foi convidado por um conhecido lobista de Brasília para participar de uma reunião em uma mansão no Lago Sul, em Brasília.

Figura conhecida da Polícia Federal (PF) por envolvimento em esquemas de corrupção e homem de confiança do líder do governo Bolsonaro, Ricardo Barros (PP-PR), Silvio Assis queria conversar pessoalmente com Miranda, que aceitou o convite.

Assis teria dito que nada poderia dar errado na compra da Covaxin e tentou fazer de Miranda aliado. Pediu para o deputado interceder junto ao irmão do Ministério da Saúde, para que ele não criasse problemas para o negócio.

Em maio, pouco mais de um mês depois da primeira reunião, ocorreu novo encontro, no mesmo local. Desta vez, Silvio Assis estaria com o próprio Ricardo Barros.

Desta vez, a conversa envolveu valores. Assis, em nome de Barros, teria prometido a Luis Miranda uma participação sobre cada dose da vacina vendida ao Ministério da Saúde: 6 centavos de dólar. Caso aceitasse, poderia ganhar 1,2 milhão de dólares, o equivalente a 6 milhões de reais.