Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (16), o vice-presidente Hamilton Mourão disse que acha "difícil" o Senado aceitar a abertura de pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
No sábado (14), Jair Bolsonaro foi às redes sociais para anunciar que, nesta semana, vai entregar ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pedidos de impeachment contra os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.
Enquanto Barroso é, além de ministro do STF, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que vem sendo alvo de ataques de Bolsonaro, Moraes é o relator do inquérito das milícias digitais, que tem como um dos alvos o ex-deputado Roberto Jefferson, aliado do chefe do Executivo que foi preso na última semana.
"Ele considera que esses ministros estão ultrapassando dos limites de algumas decisões que têm sido tomadas e uma das saídas, dentro da nossa constituição que prescreve no artigo 52, seria o impeachment e compete ao Senado, vamos ver o que acontece. Acho difícil o Senado aceitar", disse Mourão.
Apesar de não acreditar no avanço de pedidos de impeachment, o vice-presidente endossou Bolsonaro em seu discurso contra a Corte ao comentar as prisões de Roberto Jefferson e também do deputado federal bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ).
"Acho que está extrapolando os limites nisso aí. Se eu sou ofendido, o que que eu faço? Eu registro um boletim de ocorrência e abre-se um processo contra a pessoa que me ofendeu. Então, eu acho que esse é o caminho", declarou.
Com relação a Roberto Jefferson, especificamente, Mourão considera que o deputado, que fez ataques ao STF portando armas, não representa uma ameaça à democracia.
"Eu acho que o ministro Alexandre de Moraes poderia ter tomado outra decisão, também de tão importante, e de tão coercitivo, sem necessitar mandar prender por algo que é uma opinião, que o outro vem externando. Não considero que o Roberto Jefferson seja uma ameaça à democracia, tão latente assim", disparou.
Arthur Lira
Nesta segunda-feira (16), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), também comentou a nova investida de Bolsonaro contra o STF. O parlamentar, no entanto, se limitou a falar em "harmonia entre poderes" e evitou criticar a atitude do chefe do Executivo.
"O Brasil sempre terá no presidente da Câmara dos Deputados um ferrenho defensor constitucional da harmonia e independência entre os Poderes", escreveu em postagem nas redes sociais.
"Vigilante e soberana, a Câmara avança nas reformas, como a tributária que votaremos nessa semana, na certeza de que o país precisa de mais trabalho e menos confusão", completou Lira.