Bolsonarismo na Corte: Ciro Nogueira não vira réu no STF após voto de Nunes Marques

Chefe da Casa Civil se livra de responder processo após voto decisivo de ministro do Supremo indicado por Bolsonaro, cuja esposa trabalha no gabinete de um aliado de Nogueira

Foto: Presidência da República
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Foi rejeitado na Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) uma denúncia por obstrução de justiça que pesava contra o senador licenciado, que hoje ocupa o cargo de ministro-chefe da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro, Ciro Nogueira (PP-PI).

O voto que livrou o líder do centrão de responder ao processo foi do ministro Nunes Marques, indicado por Jair Bolsonaro e que tem defendido posições do presidente na corte. A esposa do magistrado, Maria do Socorro Mendonça de Carvalho Marques, é funcionário do gabinete do senador Elmano Ferrer, também do PP e igualmente do Estado do Piauí, um aliado de primeira hora de Nogueira.

O julgamento começou em 2018, num outro cenário político, e recebeu votos favoráveis à abertura do processo dos ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia, que havia pedido vistas. Na sequência, Gilmar Mendes também pediu vistas e deixou o processo paralisado por três anos. Ao retomá-lo, Mendes votou contrariamente à instauração do procedimento no STF e foi seguido por Ricardo Lewandowski.

Na decisão tomada na noite desta sexta-feira (20), Nunes Marques também decidiu por não abrir processo contra Ciro Nogueira, que dessa forma livrou-se de responder na mais alta instância do Judiciário brasileiro a uma acusação originada numa denúncia que o apontava como autor de uma tentativa de “comprar o silêncio” de um ex-assessor que colaborava com investigações sobre o PP dirigidas pela Polícia Federal.

Um ano antes da indicação de Nunes Marques, que também é do Piauí, ao STF por Jair Bolsonaro, quando ele ainda era desembargador do Tribunal Federal da 1ª Região, o senador Ciro Nogueira já havia dito a interlocutores que o conterrâneo “era uma figura muito respeitada”, chamando-o de “nosso Kássio” (em referência ao primeiro nome do ministro).