Sérgio Reis recebeu R$ 829 mil da JBS e empreiteiras em campanha eleitoral

Cantor sertanejo, que foi alvo nesta sexta (20) de mandados de busca e apreensão por ameaçar democracia, está entre os parlamentares irrigados nas eleições com dinheiro de empresas envolvidas em corrupção

Foto: AC24Horas
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O cantor sertanejo e ex-deputado federal Sérgio Reis, que está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ter feito ameaças à corte e por organizar um plano de desestabilização da democracia brasileira junto com ruralistas e líderes caminhoneiros, vazado em áudio no último domingo (15), foi um dos candidatos que recebeu dinheiro da JBS, Odebrecht e outras empreiteiras envolvidas em escândalos de corrupção nos últimos anos para financiar sua campanha eleitoral de 2014. A informação foi revelada nesta sexta-feira (20) pela revista Veja.

Segundo a reportagem, Sérgio Reis foi contemplado com R$ 468 mil doados pela JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, R$ 210 mil pela Costran (investigada por fraudes na construção do Rodoanel, em SP), R$ 133 dados pela Construcap e R$ 18 mil doados pela Odebrecht, ambas envolvidas na Lava Jato). Os valores foram repassados ao sertanejo pelo Comitê Financeiro Único do PRB, hoje chamado Republicanos.

Plano de Golpe de Estado

O cantor bolsonarista Sérgio Reis, que está ajudando a organizar manifestação em apoio a Jair Bolsonaro e contra o Supremo Tribunal Federal (STF), estaria também por trás de um plano golpista: ele pretende dar um “ultimato” no presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), invadir o prédio da corte suprema, “quebrar tudo” e retirar os ministros de lá “na marra”.

Num áudio do artista que vazou nas redes sociais ele conta a uma pessoa identificada como Marcelo que empresários do soja estariam financiando uma mobilização de bolsonaristas em Brasília em prol do voto impresso, proposta defendida por Jair Bolsonaro e que foi, recentemente, derrotada na Câmara.

Na gravação, Sérgio Reis afirma que almoçou com Jair Bolsonaro e teve reunião com o presidente e “todos os ministérios, ministro da Defesa, generais do Exército, Marinha e Aeronáutica”.

Ele ainda diz que irá pessoalmente ao Senado, no dia 8 de setembro, acompanhado de empresários da soja e lideranças dos caminhoneiros para entregar um documento a Rodrigo Pacheco solicitando a aprovação imediata do voto impresso e a destituição de todos os ministros do STF.

STF toma medidas e cantor é alvo de busca e apreensão

Autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a Polícia Federal (PF) desencadeou uma operação na manhã desta sexta-feira (20) que realiza busca e apreensão em endereços ligados ao cantor e ex-deputado federal Sérgio Reis.

O deputado bolsonarista Otoni de Paula (PSC-RJ) também é alvo dos agentes. Os pedidos foram feitos pela subprocuradora-geral da República (PGR), Lindôra Araújo, e autorizados pelo ministro do STF, relator do inquérito das fake news na corte.

Segundo informações preliminares, a PF cumpre 29 mandados de busca e apreensão, ao menos em quatro endereços ligados ao cantor, na casa e no gabinete do deputado. O foco da operação seria a convocação de atos antidemocráticos para o dia 7 de Setembro.

A decisão de Moraes determina ainda que Reis fique impedido de circular até um quilômetro de distância da Praça dos Três Poderes, onde o grupo planejava realizar protestos contra o STF no feriado da Independência.