Dia de derrota: Bolsonaro fala em ganhar guerra e Pacheco prega a paz

Derrotado no Senado, após Rodrigo Pacheco rejeitar impeachment de Alexandre Moraes, apresentado por Bolsonaro, presidente recorre ao discurso bélico insuflando apoiadores

Foto: Marcos Corrêa/PR
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Jair Bolsonaro teve uma derrota nesta segunda-feira (25) com a rejeição pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, do pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Pacheco não precisaria ter dado uma resposta rápida ao pedido apresentado pelo presidente, mas decidiu fazê-lo a menos de uma semana da entrega do documento.

O presidente do Senado, assim, colocou um balde de água fria em uma bandeira que deverá ser levada às ruas no ato golpista do dia 7 de Setembro, que está sendo convocado pelo presidente e seus apoiadores. Bolsonaro, aliás prometeu comparecer nos protestos de São Paulo e de Brasília.

Pacheco ainda decidiu fazer um pronunciamento para criticar a peça jurídica que pedia o impeachment, mas também para dar uma dura no presidente. “O Estado democrático de direito exige que só se instaure processo dessa natureza quando exista justa causa. Não é o caso. Cumpro a Constituição e a lei. Um pedido de impeachment sem adequação deve ser rejeitado”, afirmou.

E ainda completou: “Há também o lado político de uma oportunidade dada para que possamos restabelecer as boas relações entre os Poderes. Quero crer que esta decisão possa constituir um marco de pacificação e união nacional, que tanto pedimos, e é fundamental para o bem-estar da população e para a possibilidade de progresso e ordem no nosso país.”

Mas o presidente terminou o dia postando em suas redes sociais um vídeo de um trecho de uma transmissão online feita em 15 de abril. E olha o que ele diz: “Eu sei o que tem que fazer, dentro das 4 linhas da Constituição. Se o povo, cada vez mais, se inteirar, se informar, cutucar seu vizinho, começar a mostrar para ele qual o futuro do nosso Brasil, a gente ganha essa guerra. Eu sei onde está o câncer do Brasil, nós temos como ganhar essa guerra. Se esse câncer for curado, o corpo volta a sua normalidade.”

https://twitter.com/jairbolsonaro/status/1430678488026132484

E não foi só Pacheco que pregou a paz entre os poderes. No Dia do Soldado até o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, afirmou que os militares devem ser “inspiradores de paz, união, liberdade, democracia, justiça, ordem e progresso, que o nosso povo tanto almeja e merece”.

Se depender de Bolsonaro, não teremos paz.

Em tempo: Não foi só um dia de derrota para o presidente nesta segunda (25). O "amor de Bolsonaro", o ministro João Otávio Noronha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), voltou a suspender nesta terça-feira (24) a denúncia sobre o esquema de corrupção das “rachadinhas”, que funcionava no gabinete de Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).