Guru de Moro, economista faz eco ao PT e diz que teto de gastos "está morto"

Affonso Celso Pastore fez eco ao PT nas críticas à medida. A defesa da extinção do teto abriu flanco para que a mídia liberal abrisse fogo contra Lula.

Affonso Celso Pastore, Sergio Moro e Jair Bolsonaro (Montagem)
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Guru econômico de Sergio Moro (Podemos), o economista Affonso Celso Pastore fez eco ao PT ao dizer que o teto de gastos "está morto", durante entrevista à Folha de S.Paulo. A defesa da extinção do teto abriu flanco para que a mídia liberal abrisse fogo contra Lula.

Após Lula sinalizar que não rezará na cartilha neoliberal e a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmar que o teto de gastos "deve ser um dos primeiros a serem liquidados" caso o partido volte ao poder, Pastore fez crítica à extinção da medida, imposta pelo sistema financeiro.

"A regra do teto infelizmente está morta. Funcionou enquanto não foi destruída. Terá de ser substituída por um arcabouço fiscal que controle os gastos", afirmou Pastore, repetindo o que o ex-ministro de Dilma Rousseff (PT), Nelson Barbosa, havia dito no dia anterior.

Ainda em coro com o PT, o economista criticou as emendas parlamentares que, segundo ele, "abrem uma brecha para o clientelismo e a barganha política", e defendeu a criação de uma "rede de proteção social".

Neoliberal na origem

Pastore, que participou de negociações da Ditadura Militar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) nos anos 70, mostrou, no entanto, que é um entusiasta da privataria feita com subsídios a grandes empresas.

"Investimentos em infraestrutura têm retornos sociais altos e promovem o crescimento. Porém, com eficiência maior do que se fossem executados pelo governo podem, com raras exceções, ser feitos pelo setor privado na forma de concessões", afirmou ele, ressaltando que "omo são investimentos feitos com dívida, precisam de empréstimos intermediados pelo mercado de capitais com taxas de juros baixas".

Elogiando a Reforma da Previdência de Paulo Guedes no governo Jair Bolsonaro, o economista afirmou no entanto que "não há uma bala de prata" ao defender as reformas neoliberais - as mesmas que já tentava implantar no país com os militares no poder durante a Ditadura.

"A retomada do crescimento exige um amplo programa de reformas que incluem, entre outras, a tributação de bens e serviços e o Imposto de Renda. Porém não terá sucesso sem que se reconstrua um arcabouço fiscal que obrigue a obediência à restrição orçamentária e que crie a condição para que a política monetária controle a inflação. Esta é a condição necessária para a retomada do crescimento".