O ex-presidente Lula (PT) realizou uma reunião nesta terça-feira (11) com integrantes do governo da Espanha e centrais sindicais com o objetivo de debater a revisão da reforma trabalhista neoliberal de 2012. A revogação aconteceu no país europeu após um acordo entre governo, trabalhadores e empresários. Lula sinalizou que pode se inspirar nos ventos espanhóis para reverter reforma trabalhista de Michel Temer.
Nota divulgada pelo ex-presidente aponta que "os espanhóis expuseram a experiência do debate público para a revisão e recuperação de direitos que tinham sido perdidos na reforma feita na Espanha, em 2012, com o objetivo de atingir uma remuneração justa. O salário mínimo na Espanha aumentou 38% desde a chegada do primeiro-ministro Pedro Sánchez ao poder".
“É uma mentira que a competitividade de um país seja conseguida reduzindo salários. Se consegue com salários melhores combinados com a qualificação da mão de obra", disse o ministro José Luis Escrivá, da Inclusão, Migrações e Seguridade Social, durante o encontro.
O ministro apontou ainda que a precarização das leis trabalhistas leva à redução da qualificação da força de trabalho, o que atrasa o desenvolvimento do país e a geração de empregos de maior qualidade.
Além de Escrivá, participaram do lado espanhol o diretor-geral de Organização da Seguridade Social, Borja Suárez Corujo, representantes do PSOE - partido do presidente Pedro Sánchez -, do Congresso e Senado Espanhol, e das centrais sindicais espanholas UGT e Comissões Obreras. Os representantes do governo espanhol participaram da reunião à noite, fora do horário de trabalho oficial.
Pelo lado brasileiro, estiveram presentes a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, o presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, e líderes das centrais sindicais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central Sindical e Intersindical.
Reforma trabalhista no Brasil
A revogação da reforma trabalhista na Espanha atende a uma reivindicação de sindicatos e movimentos sociais ligados à coalizão formada entre PSOE e Podemos. Dez anos depois da reforma, o desemprego na Espanha bate 14,5%, um dos maiores índices da União Europeia.
Em publicação no Twitter, Lula sinalizou que também pretende reverter a reforma no Brasil caso seja eleito presidente em 2022. “É importante que os brasileiros acompanhem de perto o que está acontecendo na Reforma Trabalhista da Espanha, onde o presidente Pedro Sanchez está trabalhando para recuperar direitos dos trabalhadores”, escreveu nas redes sociais.
A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, também indicou que pretende mexer na legislação trabalhista. “Notícias alvissareiras desse período: Argentina revoga privatização de empresas de energia e Espanha reforma trabalhista q retirou direitos. A reforma espanhola serviu de modelo p/ a brasileira e ambas não criaram empregos, só precarizaram os direitos. Já temos o caminho”, tuitou.