Generais dão recado a Bolsonaro para afastar "bode de golpe militar contra Lula", diz jornal

Antecipação de exercícios militares, diretrizes contra fake news nas redes e carta de Barra Torres, da Anvisa, humilhando Bolsonaro seria recado de que Forças se manterão neutras na eleição.

Bolsonaro na Formatura da Escola de Sargentos de Logística (Foto: Clauber Cleber Caetano/PR)
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Reportagem de Igor Gielow na edição deste sábado (15) da Folha de S.Paulo afirma que recentes episódios das Forças Armadas foram um recado para Jair Bolsonaro (PL) "e serviriam para tirar o bode de um golpe militar contra Lula (PT) em caso de vitória em outubro".

O jornalista diz ter ouvido de oficiais-generais das três Forças que, embora até o momento não haja interlocução com Lula, querem evitar rumores sobre a incitação que Bolsonaro tem provocado na caserna.

Para embasar, a reportagem três fatos recentes relacionados às Forças Armadas: a antecipação de exercícios militares programados para o último trimestre de 2022 para liberar a tropa em caso de violência nas eleições, as diretrizes ao baixo escalão proibindo divulgação de fake news em redes sociais e a dura carta do almirante Antônio Barra Torres, presidente da Anvisa, repreendendo Bolsonaro por ilações contra a agência.

"O conjunto de eventos, dizem fardados em altos postos do serviço ativo, estabeleceu de saída no ano eleitoral uma linha divisória entre a balbúrdia presidencial e as Forças", diz o texto.

O recado seria que as Forças Armadas se manterão neutras indenpendemente de quem vencer as eleições em outubro. E o foco seria principalmente Lula, que estaria buscando interlocução com a cúpula militar.

Entre os motivos apresentados pelos militares estariam reiteirar a isenção e a evitar o "revanchismo" diante de situações provocadas por integrantes da alta cúpula, como o tuite do general Eduardo Villas-Bôas às vésperas do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de um habeas corpus que poderia tirar Lula da injusta prisão em Curitiba em 2018.