PT quer que MPF investigue se Bolsonaro usou viagem oficial para comprar ferramenta espiã

"Estão em curso ameaças reais e potenciais aos cidadãos brasileiros, suas instituições e, especialmente, ao processo democrático eleitora", aponta a ação movida por deputados do PT

Jair Bolsonaro nos Emirados Árabes | Foto: Clauber Cleber Caetano
Escrito en POLÍTICA el

A bancada do PT na Câmara dos Deputados apresentou nesta segunda-feira (17) uma representação pedindo que o Ministério Público Federal (MPF) apure denúncia de que o governo do presidente Jair Bolsonaro aproveitou viagem oficial aos Emirados Árabes para para negociar nova ferramenta espiã para o chamado "gabinete do ódio".

Segundo reportagem de Jamil Chade e Lucas Valença no Uol, um representante do “gabinete do ódio” que integrou a comitiva presidencial em Dubai no ano passado conversou com um representante da empresa DarkMatter na feira aeroespacial conhecida como Dubai AirShow, com o interesse de municiar o grupo paralelo com uma poderosa ferramenta espiã, para ser usada, em especial, no ano eleitoral.

O especialista em inteligência e contrainteligência, cujo nome não foi informado, responde extraoficialmente ao vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos). A DarkMatter é composta, em sua maioria, por programadores israelenses egressos da Unidade 8200, força de hackers de elite vinculada ao exército de Israel.

"Estão em curso, desta feita, ameaças reais e potenciais aos cidadãos brasileiros, suas instituições e, especialmente, ao processo democrático eleitoral que se avizinha, de modo que providências preventivas devem ser adotadas para impedir tais crimes e responsabilizar, se for o caso, os envolvidos", aponta a ação movida pelo PT. Leia a íntegra abaixo.

"Qualquer tipo de espionagem deve ser repudiada pelo Estado Brasileiro, especialmente quando visa exclusivamente beneficiar os interesses privados da família presidencial e de seus asseclas, em detrimento das Instituições e da sociedade brasileira", diz o documento.

Os parlamentares do PT lembram ainda que o gabinete do ódio já havia tentado comprar tecnologia de espionagem anteriormente.

Pegasus

Em maio de 2021, foi revelado que o governo abriu uma licitação para a compra da ferramenta de espionagem israelense Pegasus. De acordo com reportagem do portal UOL, a compra do programa e a abertura da licitação teriam sido articuladas por Carlos Bolsonaro dentro do que vem se chamando de “Abin paralela”.

Isso porque o pregão teria sido aberto em detrimento da própria Abin, a responsável pelos serviços de inteligência, junto ao Ministério da Justiça, a mando do filho do presidente Jair Bolsonaro.

Conforme explicado pelo professor Bruno Huberman no blog Terra em Transe, na Fórum, “o NSO Group é uma empresa bastante obscura cujos softwares já teriam sido usados pelos governos do México e da Arábia Saudita para vigilância política. Além, é claro, de palestinos e demais inimigos israelenses”.

Confira a representação do PT na íntegra: