O deputado federal Rogério Correia (PT-MG), que já havia proposto uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os abusos da Lava Jato e as mensagens vazadas pelo site The Intercept, que confirmaram a parcialidade do Sergio Moro, afirmou nesta segunda-feira (24), em entrevista ao Fórum Onze e Meia, que o "telhado de vidro" do antigo ex-magistrado está começando a quebrar.
"Moro é um ex-juiz sem moral, e hoje virou essa vidraça. [Tem] um telhado de vidro e as pedras que, ainda são pequenas, já estão quebrando esse telhado. Essa agora da Alvarez & Marsal é uma pedra grande caindo no telhado dele", afirmou o parlamentar.
A CPI proposta por seu colega na Câmara Paulo Teixeira (PT-SP) pretende investigar as ações no âmbito privado do pré-candidato à Presidência da República. A base de argumentação são as investigações conduzidas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) que rastreiam um suposto conflito de interesses por parte do ex-ministro do governo extremista de Jair Bolsonaro, uma vez que ele atuou numa consultoria que realizava recuperações judiciais justamente de empresas que foram quebradas em decorrência de sua condução na Lava Jato.
A Alvarez & Marsal, um escritório sediado nos EUA, já recebeu R$ 42 milhões de companhias afetadas pelas decisões do ex-juiz no passado, quando ele chefiava a Lava Jato. Segundo Correia, os serviços trocados entre Moro e a empresa "não tem outro nome se não propina".
"Se nós fossemos ver como a Lava Jato agiu com seu inimigos, provavelmente já tinha coercitiva, prisão preventiva, estariam presos para explicar quanto ganharam, se houve troca de favores, se foi propina mesmo, qual o contrato, qual o valor... Isso está sendo questionado e Moro não tem resposta, inclusive esconde onde tem as respostas", disse o deputado.
De acordo com Correia, o pedido de CPI pronto de sua autoria para investigar as decisões tomadas pela Lava Jato e os excessos e ilegalidade das autoridades envolvidas na operação, que não foi constituída pelo ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia e nem pelo atual, Arthur Lira (Progressistas), tem 75 assinaturas, que o parlamentar começou a colher logo que o "The Intercept" divulgou os diálogos entre Moro e o ex-procurador Deltan Dallaganol, em que eles confessam que queriam "apenas prender e incriminar" o ex-presidente Lula (PT).