ELEIÇÕES E TRABALHO

VÍDEO: Executivo da Stara prega voto em Bolsonaro para trabalhadores com argumentos anticomunistas requentados

Empresário Marcelo Dominici, do Grupo Terra Boa, gravou discurso de 15 minutos em que afirmou que Lula é comunista, fará empresas fecharem e calará oposição

O empresário Marcelo Dominici, do Grupo Terra Boa, discursa para trabalhadores da Stara. Créditos: Reprodução/Youtube@TeixeiraFotografia
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O empresário Marcelo Dominici, do Grupo Terra Boa, do qual faz parte a empresa Stara, de máquinas e implementos agrícolas sediada no Rio Grande do Sul, foi filmado fazendo discurso de 15 minutos para seus trabalhadores onde pedia votos para Jair Bolsonaro (PL) argumentando que o ex-presidente Lula (PT) ‘implantaria o comunismo’ e ‘transformaria o Brasil em uma Venezuela’.

“Nós temos o direito de fazer escolhas, porque nós, hoje, ainda vivemos num regime liberal. E nós vamos não somente escolher o candidato, a pessoa, mas o regime que vamos viver (…) Nós temos dois candidatos e duas ideologias totalmente diferentes e opostas uma da outra. Nós temos uma ideologia liberal, onde temos o direito de ir e vir, de vender e de comprar, e temos a liberdade de expressão. Na outra [ideologia], nós não temos nada disso, mas um processo de esquerda, um processo comunista, onde todos os países que adotaram essa política comunista estão fracassados, quebrados e o povo em miséria. Isso está acontecendo em todos, mas eu vou pegar os países da América do Sul que são muito próximos aos ao nosso país (…) A Argentina é um grande exemplo, e a Venezuela outro”, discursou Dominici antes de pedir voto ao seu candidato.

Na última semana empresa Stara, de máquinas e implementos agrícolas, com sede no município gaúcho de Não-Me-Toque (RS), de 18 mil habitantes, enviou um comunicado a fornecedores afirmando que, caso o ex-presidente Lula da  vença no segundo turno, deverá reduzir sua base orçamentária em 30%. A empresa afirmou ainda que caso o resultado do primeiro turno se confirme no segundo, “isso afetará o nosso poder de compra e produção, desencadeando uma queda significativa em nossos números”.

No vídeo, Domenici confirma a narrativa. “’Ô Bil [referindo-se a si em terceira pessoa], por que a Stara tomou aquela medida de reduzir as compras em 30% e que possivelmente vão reduzir o efetivo de pessoas que trabalham na companhia?’ Se vocês me perguntarem se isso é verdade ou não, é verdade. Isso é verdade e aqui não deve ser diferente. E eu não tô falando isso pra ameaçar ninguém. A empresa que trata os colaboradores como colaboradores, como vocês são, tem que jogar aberto.Tem que chamar os colaboradores na responsabilidade. Pra depois o colaborador não falar que foi pego de surpresa”, finaliza.

Assista ao discurso a seguir

Segundo maior doador

O gaúcho Gilson Lari Trennepohl (DEM), vice-prefeito de Não-me-Toque, é o diretor-presidente da Stara e, de acordo com levantamento do início de setembro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) publicado pelo UOL, foi o segundo maior doador da campanha do presidente Bolsonaro, com entrega de R$ 350 mil, atrás apenas do ex-piloto Nélson Piquet, que doou R$ 501 mil.

Em vídeo divulgado nas redes sociais após a repercussão do comunicado, o diretor-presidente da Stara, Átila Stapelbroek Trennepohl, afirma que o comunicado se tratava apenas de "projeções" para 2023, direcionado a fornecedores, e que a ameaça velada de demissão em massa caso Lula (PT) seja eleito é "fake news".