SEM CORREÇÃO

Guedes quer derrubar vídeo de Janones sobre planos do governo para congelar salário mínimo

Plano do Ministério da Economia prevê desvincular o reajuste do salário mínimo e das aposentadorias do índice da inflação, o que abre caminho para que os benefícios sofram ainda mais desvalorização

Paulo Guedes e André Janones.Créditos: Alan Santos/PR/Reprodução
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O Ministro da Economia, Paulo Guedes, acionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nesta quinta-feira (20), com o objetivo de retirar do ar um vídeo em que o deputado federal André Janones (Avante-MG) denuncia os planos do Ministério da Economia de não reajustar mais o salário mínimo e as aposentadorias de acordo com a inflação. 

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A informação sobre o plano econômico, que na prática poderia congelar o reajuste dos benefícios e diminuir ainda mais o poder de compra da população, veio à tona a partir de reportagem da Folha de S. Paulo divulgada pela manhã. Segundo o periódico, a proposta estabelece que o salário mínimo e os benefícios previdenciários "deixam de ser vinculados à inflação passada [...] a nova regra considera a expectativa de inflação e é corrigido, no mínimo, pela meta de inflação". 

Janones, então, gravou um vídeo informando que foi até o Ministério da Economia e que confirmou a proposta. "Saindo nesse momento do Ministério da Economia pra trazer uma informação de última hora. O ministro Paulo Guedes acaba de anunciar a redução no valor do salário mínimo e aposentadorias a partir de 2023. Estou com os documentos na mão (...) Paulo Guedes acaba de anunciar que os benefícios sociais não serão mais reajustados pelo índice da inflação. Só para terem uma ideia: se estivesse valendo este ano, o salário mínimo já seria reduzido para R$ 1094. Isso é muito grave", diz o parlamentar. 

O vídeo rapidamente viralizou e, então, Guedes acionou o TSE para removê-lo. A informação foi confirmada pelo próprio ministro ao site O Antagonista. 

"Paulo Guedes acaba de acionar a justiça pedindo a retirada do vídeo onde denuncio que o salário mínimo sofrerá percas por não ser mais corrigido pela inflação! O que eu falei é verdade e mesmo assim querem me censurar!", protestou Janones. 

Entenda

Enquanto Bolsonaro (PL) corre o país em busca de um novo mandato, o ministro da Economia, Paulo Guedes, prepara uma proposta para eventual novo governo de extrema direta. A ideia é que o chamado "novo marco econômico" só seja apresentado após a realização do segundo turno, caso o presidente conquiste mais quatro anos à frente do Palácio do Planalto. 

Na nova proposta econômica, Paulo Guedes propõe o fim da correção pela inflação passada do salário mínimo e dos benefícios previdenciários. A ideia é apresentar uma proposta de emenda constitucional (PEC) no dia seguinte ao segundo turno. 

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Com a mudança proposta, abre-se a possibilidade de uma correção do salário mínimo e dos benefícios previdenciários abaixo da inflação. Ou seja, o plano de Guedes prevê uma não atualização do salário mínimo, diminuindo ainda mais o poder de compra das famílias brasileiras.

Mais tarde, em entrevista coletiva após encontro com empresários na sede da Confederação Nacional do Comércio (CNC), no Rio de Janeiro, Guedes chamou a notícia de "fake news", afirmando que "não se muda a regra do jogo durante o jogo. O jogo está correndo". A fala, no entanto, sugere que a mudança ainda poderia ser encampada a partir do ano que vem em caso de vitória de Jair Bolsonaro (PL) na eleição de 30 de outubro. 

Apesar de negar que o salário mínimo e aposentadorias sofrerão desvalorização, no entanto, o ministro da Economia confirmou os planos para desvincular a correção dos benefícios da inflação. "Quando se fala em desindexar, as pessoas geralmente pensam que vai ser menos que a inflação, mas pode ser o contrário", declarou.