Bancada evangélica vai abandonar Bolsonaro por voto de eleitores de Lula, diz pastor Luis Sabanay

Para Luis Sabanay, que atua na coordenação do núcleo evangélico do PT, bancada evangélica reflete apenas disputa pelo poder e não representa evangélicos, que como todos os brasileiros, sentem os efeitos da política econômica desastrosa de Bolsonaro.

Luis Sabanay, coordenador do núcleo evangélico do PT, e Lula (Foto: Ricardo Stuckert)
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Na coordenação do núcleo evangélico do PT, o pastor Luis Sabanay vê a transição na presidência da bancada evangélica na Câmara, assumida pelo deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), como prenúncio das mudanças que vão acontecer entre os parlamentares da frente no ano eleitoral de 2022.

Cavalcante assumiu a frente parlamentar rachada pelo seu padrinho Silas Malafaia e em meio a um motim dos Republicanos, partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, de Edir Macedo, que querem se descolar de Bolsonaro de olho nos votos nas regiões.

No Nordeste e em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, a relação com Bolsonaro é um fator que pode influenciar negativamente na eleição desses parlamentares - que em muitos casos querem associar a imagem à neutralidade e podem acabar em "santinhos" com fotos ao lado de Lula.

"A opinião da massa vai influenciar no comportamento e opções políticas dos dirigentes religiosos, principalmente, da massa pentecostal e neopentecostal. Não se surpreenda com a mudança de comportamento político da bancada evangélica, no centrão, dissociando-se de Bolsonaro nas eleições deste ano. A política fisiologista move-se pela opinião pública, valendo, repito, para as lideranças religiosas e para os mandatários", disse Sabanay à Fórum.

Citando dados da pesquisa PoderData, o pastor ressalta que os impactos da economia fragilizada, como desemprego e inflação, estão sendo sentidos por todos, incluindo a comunidade evangélica, que tem rejeitado cada vez mais o governo Jair Bolsonaro (PL).

"A rejeição do governo bolsonaro, chega a quase 41% entre os evangélicos entre 53% no público geral. Isso reflete o que? Que a vida do povo evangélico não se desassocia a vida do povo geral. Os problemas sociais que, visivelmente, impactam o cotidiano da vida da população: Os impactos da pandemia, o desemprego, o custo de vida, a pobreza, a volta da fome e ausência de políticas causados pelo governo bolsonaro, além, de outras questões. Mostra de forma nítida a rejeição. O mais significativo, é: Lula e Bolsonaro estão praticamente empatados na pesquisa no público evangélico, desentoando da tendencia de 2018. Além, entre os evangélicos, que reconhecem que o governo lula foi melhor do que é hoje", analisa.

Bancada é disputa pelo poder e não representa evangélicos

Para Sabanay, o "jogo interno do poder" na bancada evangélica é mais influenciado pelo comportamento dos fiéis do que o contrário e que os principais atores - ligados a pastores midiáticos como Malafaia - não representam a maioria.

"É a disputa de protagonismo mais do que força política na base real deste segmento. Porque digo isso, o mundo evangélico de modo geral e as Assembleias de Deus não é um bloco unitário. AD que, o atual líder da bancada evangélica representa é uma das últimas dissidências e a menor delas em população. Isso sinaliza, a grosso modo que, a bancada evangélica atual não representa o conjunto do segmento evangélico, na base principalmente, é sabido que não, muito menos, a representação majoritária dos interesses do conjunto da maior igreja pentecostal do nosso país", diz.

Segundo Sabanay, a disputa será na força do voto, em u"ma briga das frações evangélicas, entre si, pela hegemonia da representatividade nas próximas eleições".

No entando, os líderes locais tendem a influencias mair do que o direcionamento dos políticos.

"A pregunta que eu imagino é: O deputado(a) evangélico é de qual denominação mesmo? Se não for da minha, não terá meu voto. Então, diferente, do que diz o atual líder da bancada evangélica, o que pode ocorrer é: a fidelização por segmento denominacional e não por que é evangélico genérico".

Para ele, a tese de Cavalcante, de que 90% da bancada estará com Bolsonaro, tende a evaporar a medida que as pesquisas sigam mostrando o derretimento do apoio popular ao atual presidente.

"Sabemos a diferença entre as disputas majoritárias e proporcionais, mas, como eu disse acima, destoar da maioria da opinião pública terá efeitos eleitorais. Ainda, podemos considerar que, a atual bancada tem uma estratégia para sua reeleição, mas as igrejas denominacionais poderão ter outra, para aumentar o seu grau de influência", diz.

Para Sabanay, "a pergunta que fica é: a bancada evangélica será reeleita ou renovada?", indaga. "Nem entro no caso das demais tradições religiosas", emenda.