O deputado federal Kim Kataguiri (Podemos-SP), partido do presidenciável Sergio Moro, divulgou vídeo nesta quarta-feira (9), em sua conta do Twitter, em que procura negar sua declaração no Flow Podcast de que a Alemanha teria errado ao criminalizar o nazismo. Ao mesmo tempo, o deputado se desculpa e, em uma grande ginástica mental, tenta explicar o que quis dizer.
No mesmo vídeo, Kim diz também que foi procurado por comunidades judaicas após a fala dizendo: “pô, cara, você fez uma merda gigante. Você cometeu um equívoco monumental, você precisa se desculpar por isso, escutar a comunidade nisso”, revelou o próprio deputado.
“Eu explico o que tava querendo dizer no Flow. Todo o desenvolvimento da minha ideia foi no sentido de qual que é a melhor maneira de combater o nazismo. Esse eu acho que é o primeiro ponto. Não tinha nenhum defensor de nazismo lá, em nenhum momento, pelo contrário, eu sempre fiz questão de deixar muito claro que é uma ideologia abjeta, que é uma coisa que jamais deve acontecer, e que o objetivo era justamente fazer como acabar com essa ideia”, afirmou.
Resposta infeliz
O deputado confessa ter sido “uma resposta infeliz pra Tábata. Ela pergunta exatamente a mesma coisa que você me perguntou (se a Alemanha errou ao criminalizar o nazismo) e eu digo que sim, eu tava pensando principalmente nas obras históricas nazistas, principalmente o ‘Mein Kampf’, que aqui no Brasil foi objeto de julgamento no Supremo. Se certas pessoas devem ou não ter acesso a este livro e a outras obras nazistas, e neste aspecto que sim, as pessoas devem conhecer, devem ler não pra reproduzir, não para serem nazistas”.
Desculpas
Ao final, Kataguiri pede desculpas: “quando eu digo que foi um erro, eu tô dizendo da criminalização, faz parecer que eu tô falando de movimentos nazistas, de ter veículos de imprensa nazistas, de ter partido nazista e eu jamais defendi e não defendo e nunca vou defender que você tenha movimentos sociais nazistas, que tenha partidos nazistas, veículos de imprensa nazistas”.
E encerra: “eu defendo que a maneira mais eficiente, mais eficaz de se derrotar o nazismo é expondo as entranhas do nazismo, expondo tudo o que há de pior no nazismo pra que as pessoas sempre o repudiem”.
Investigado pela PGR
Kim Kataguiri será investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), por ter dito durante a entrevista que “a Alemanha errou ao criminalizar o partido nazista”.
A determinação para que o parlamentar seja investigado pelo crime de apologia ao nazismo foi dada pelo procurador-geral da República Augusto Aras, que será assessorado por especialistas criminais da PGR. Há poucos dias Aras disse em seu discurso na abertura do ano legislativo no Congresso que “todo discurso de ódio deve ser rejeitado com a deflagração permanente de campanhas de respeito a diversidade como fazemos no Ministério Público brasileiro para que a tolerância gere paz e afaste a violência do cotidiano”.
Estrago na imagem
As desculpas e explicações de Kim se devem em muito, ao estrago que a frase sobre a Alemanha e o nazismo fez com a sua imagem. Dados inéditos da consultoria Arquimedes mostram que, no Twitter, as menções a Kim após a divulgação de sua fala foram 30 vezes maiores com o episódio — quase todas elas negativas.
O levantamento indica, de acordo com a coluna de Lauro Jardim, que usuários da plataforma fizeram 135 mil menções a Kim na terça-feira, após a repercussão de trechos em que ele diz que a Alemanha errou ao criminalizar o nazismo em 1945. As críticas mobilizaram 129 mil mensagens desse total, cerca de 96%. Na véspera, segunda-feira, Kim havia sido lembrado apenas 4,5 mil vezes.