Aloysio Nunes defende aliança com a esquerda para derrotar Bolsonaro

O ex-senador também afirma que o PSDB se radicalizou no processo de golpe contra a ex-presidenta Dilma e que o anti-petismo se tornou a sua segunda natureza

Geraldo Alckmin e Lula (Foto: Ricardo Stuckert)Créditos: Ricardo Stuckert
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O ex-senador e fundador do PSDB Aloysio Nunes não acredita mais que o partido o qual ajudou a construir seja mais uma referência nacional. Para Nunes, a legenda se perdeu durante o processo de golpe contra a ex-presidenta Dilma (PT) e o "antipetismo virou a sua segunda natureza". Porém, o ex-senador defende o diálogo com a esquerda para derrotar Bolsonaro nas eleições desse ano.

""Durante o processo de impeachment (de Dilma Rousseff), o antipetismo acabou se transformando em uma segunda natureza do PSDB. Isso nos fez andar em muito má companhia. Agora, diante do desastre que foi a eleição do Bolsonaro - um desastre até previsível - e do seu governo de destruição sistemática, vem a ideia de que é preciso retomar uma diálogo que houve ao longo do tempo com forças de esquerda, como o PT", declarou Nunes ao Estadão.

Aloysio Nunes também faz uma análise do papel do PT na história recente da política brasileira e lembra de como era o tempo em que a hegemonia da política nacional era disputada entre tucanos e petistas.

"Talvez o PT tenha sido anti-PSDB, e a campanha Fora FHC é um exemplo disso, mas nós, do PSDB, antes desse processo de radicalização, sempre tivemos a compreensão da importância do PT na vida política brasileira como expressão do movimento popular. Ainda que não houvesse um papel escrito, houve convergência em muitas coisas importantes".

Em outro momento, Nunes afirma que o partido deixou de ser uma referência nacional após 2018. "O PSDB não é mais uma referência nacional como foi. Na época em que o PSDB teve posições fortes na eleição nacional, com Fernando Henrique, José Serra e Geraldo Alckmin, o partido era uma referência que se opunha ao PT no campo eleitoral. O PSDB trazia consigo um eleitorado mais liberal e progressista, e também de direita conservador, mas do campo democrático. Isso foi explicitado na chapa FHC-Marco Maciel", analisa.

Ao ser questionado se o governador de São Paulo deve levar adiante a sua candidatura à presidência, Nunes afirma que é preciso ter um partido coerente e uma candidatura forte para chegar até outubro.

"Se você não tem uma candidatura forte, ou uma corrente política com um mínimo de coesão interna, cada um vai buscar a sua sobrevivência. A vida partidária está muito desorganizada, cada um vai buscar a sua sobrevivência. A vida partidária está muito desorganizada, caótica, em razão de vários fatores, como o Fundo Partidário gigantesco, as emendas de bancadas e a perda da agenda presidencial diante do Congresso […] hoje, quem não tem uma candidatura forte de partida, casos de Bolsonaro e Lula, nem é apoiado em um partido minimamente coeso, vê as pessoas tentadas a buscar a própria sobrevivência. É salve-se quem puder", analisou Nunes.

Sobre a provável chapa Lula-Alckmin, Aloysio Nunes afirmou que "é um movimento correto do ponto de vista político, tanto da parte do Geraldo Alckmin quanto do Lula. O Lula sabe que precisa caminhar para o centro. É por onde ele tem que crescer para ganhar no primeiro turno. Para isso, há essa alternativa de ter o apoio de um grande partido nacional estruturado que é o PSD".

Com informações do Estadão